Quando termina o
ano, as agências noticiosas e os órgão de comunicação social tratam de escolher
os acontecimentos e as figuras do ano, através das mais diversas consultas.
Este ano, assim voltou a acontecer e, de uma forma geral, todas as escolhas
incidiram no Papa Francisco, no futebolista Ronaldo, no cantor Carlos do Carmo,
na vitalidade cívica de Mário Soares, no surpreendente caso BES ou na detenção
do ex-PM Pinto de Sousa. Eu permito-me discordar dessas opiniões e escolher o
Pedro (PPC) como figura do ano. Mais do que uma figura, ele foi realmente um
figurão.
PPC é o nosso
primeiro-ministro desde 21 de Junho de 2011 e é aquele jovem de estudos tardios
que, antes de ganhar as eleições, dissera que estava preparado, que tudo tinha estudado e que não
seria necessário despedir pessoas nem cortar salários ou pensões. Porém, era
mentira. Quando chegou a São Bento esqueceu-se do que tinha dito e com as suas
políticas vieram os cortes nos salários e nas
reformas, o aumento dos impostos, a precaridade no emprego, assim como a má
prestação nos serviços de educação e de saúde por falta de pessoal e de
material. O défice orçamental ficou na mesma e a dívida pública aumentou. A
vulnerabilidade económica acentuou-se, a coesão social enfraqueceu, a pobreza
aumentou e a desesperança instalou-se. Somos realmente um navio à deriva.
Milhares de
portugueses perderam o emprego e outros tantos milhares emigraram. Muitos
cientistas, médicos, engenheiros, arquitectos,
pilotos de linha aérea e enfermeiros, entre outros profissionais, cuja formação
tanto custa ao país, deixaram-nos e foram enriquecer outras economias, seguindo
o conselho de PPC e do seu antigo braço direito Relvas, que bem incentivaram
para que os portugueses emigrassem. Diz a Ordem dos Médicos que em 2014 houve
269 clínicos que pediram certificados para exercer a profissão noutro país e
diz a Ordem dos Enfermeiros que desde 2011, recebeu 7564 pedidos de
certificados de emigração para exercício da actividade no estrangeiro. Não
precisamos de mais exemplos para mostrar a brutal sangria que estas políticas de PPC estão a fazer
ao nosso país, que servem outros interesses que não os dos
portugueses. E com um inclassificável despudor, ainda há poucos dias, a
minha figura do ano nos avisou que mudar de políticas e de governo seria
“deitar tudo a perder”. Como é possível tanta insensibilidade e tamanha
cegueira política?