De entre os
direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores, no seu artigo 57º a Constituição da República
Portuguesa garante o direito à greve. Portanto, ninguém pode acusar os
grevistas que estão a perturbar a vida dos portugueses nas escolas, nos
tribunais, nos hospitais ou nos transportes, de qualquer ilegalidade porque ao
fazerem greve eles estarão a defender os seus direitos contra o patronato
opressor.
Hoje, o Expresso
fala em greves e mais greves, na sua maior parte incompreensíveis para a população. Porém, quando os juízes, os professores, os
enfermeiros, os médicos, os bombeiros, os guardas prisionais, os funcionários
judiciais, os notários, os estivadores, os farmacêuticos, os técnicos de
diagnóstico, os ferroviários e muitas outras organizações profissionais,
declaram a greve contra o patrão Estado, ficamos naturalmente apreensivos
porque as exigências que esta gente faz, são exactamente a mesma
coisa que fazer uma exigência para que os cidadãos paguem mais impostos.
Significa, portanto, que os juízes, os professores, os enfermeiros e por aí em
diante, querem comer mais do bolo estatal, o que significa que querem que eu e
os meus concidadãos paguemos mais impostos.
Os directórios
partidários e sindicais lutam pelo poder e em tempo pré-eleitoral iniciaram o
seu combate político. É um combate político porque, cada vez menos, esses
directórios defendem os cidadãos que supostamente representam. É isso que fazem
o Arménio, mais o Nogeira, a Avoila e até o sindicalista Ventinhas. Naturalmente,
a adesão dos trabalhadores a estas lutas sindicais com fins
político-partidários, revela um comportamento pavloviano, isto é, revela
reflexos incondicionados, porque ninguém informado e de bom senso, nomeadamente
os juízes, os professores, os enfermeiros e por aí em diante, adere a estas
greves que, muitas vezes, estão contra os seus próprios interesses e apenas
servem as estratégias de poder dos directórios partidários e sindicais.