domingo, 4 de fevereiro de 2024

O agravamento da crise no Médio Oriente

Na madrugada do passado dia 28 de janeiro, uma base militar logística americana instalada no território da Jordânia foi atacada por drones, daí resultando a morte de três soldados americanos e de mais de três dezenas de feridos. Estes soldados foram as primeiras vítimas mortais americanas nesta região desde o dia 7 de outubro, quando teve início a guerra entre Israel e o Hamas.
O ataque foi atribuído a grupos pró-Irão activos na Síria e no Iraque e, de imediato, o presidente Joe Biden juntou-se ao luto pela morte destes soldados e declarou que os Estados Unidos iriam retaliar. Logo que as urnas dos soldados regressaram a casa e foram recebidas por Joe Biden e outros dignitários americanos, as forças dos Estados Unidos lançaram ataques com aviões e bombardeiros contra 85 alvos com ligações à Guarda Revolucionária Islâmica que se localizam na Síria e no Iraque, causando 34 mortos e significativas destruições. Joe Biden não só assumiu a responsabilidade por esta resposta como afirmou que a retaliação ”continuará de acordo com o calendário e nos locais que decidirmos”. Muitas vozes se levantaram contra a desproporcionalidade da reacção americana que, seguramente, pretendeu mostrar ao eleitorado americano que o candidato Joe Biden é um homem que defende a América com coragem e com energia…
Embora os Estados Unidos tenham vindo a repetir que pretendem evitar que o conflito no Médio Oriente alastre e continuemos a ver Antony Blinken a visitar regularmente a região com esse objectivo, há quem considere que este incidente parece aproximar os Estados Unidos de um conflito directo com o Irão. De facto, nos últimos quatro meses, os Estados Unidos não só estiveram ao lado de Israel sem nunca se demarcarem claramente da violência que tem sido exercida sobre Gaza, como já intervieram no Líbano, no Iémen, no Iraque e na Síria, violando a soberania e a integridade territorial desses países e a Carta das Nações Unidas.
Os Estados Unidos abandonaram o Afeganistão em Agosto de 2021 depois de uma ocupação militar que durou vinte anos, mas não é claro se pretendem ou não voltar a envolver-se numa guerra no Médio Oriente. Provavelmente, Joe Biden só quer impressionar o eleitorado americano e a capa da edição do Daily News dá-lhe uma boa ajuda…