O Canadá é um
país com elevado nível de desenvolvimento, que é atribuido à paz social e aos
sentimentos de cooperação e de unidade entre os canadianos mas, apesar disso,
mantém um conflito sociopolítico e territorial com a sua província do Quebec
que, durante muitos anos, tem mantido uma atitude nacionalista e culturalmente de
matriz francesa, oscilando entre as ideias de federalismo e de independência.
Até meados do
século XVIII os territórios franceses no continente americano que constituíam a
Nova França eram muito extensos e superavam largamente os territórios das treze
colónias inglesas do litoral. Porém, com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) a
Grã-Bretanha tomou posse daqueles territórios, embora tivesse havido muitas
tensões e protestos dos colonos franceses contra as novas autoridades. Pela Lei
do Quebec, promulgada em 1774, a Grã-Bretanha aceitou oficialmente a língua
francesa, a religião católica e o Direito romano, pelo que as tensões com as
comunidades de origem francófona se diluíram com o tempo.
Porém, quando em
1967 o General De Gaulle visitou o Canadá a propósito da Expo 67, proferiu um
histórico discurso na varanda da Prefeitura de Montreal em que se dirigiu a uma
grande multidão, tendo pronunciado a frase Viva
o Quebec livre!.
Desde então, os
sentimentos autonomistas e as rivalidades com a cultura anglófona dominante no
país têm permanecido muito activas no seio da comunidade francófona, embora
dentro de um sentimento de unidade nacional apesar da enorme multiculturalidade
canadiana. Porém, algumas franjas sociais parecem apostar em ideias
separatistas e exigem agora uma alteração à Constituição, que reconheça o
Quebec como uma nação, talvez como
primeiro passo para outras reivindicações. Hoje, o jornal National Post dedicou
parte da sua edição a essa ideia.