quinta-feira, 27 de maio de 2021

Política e multiculturalidade no Canadá

O Canadá é um país com elevado nível de desenvolvimento, que é atribuido à paz social e aos sentimentos de cooperação e de unidade entre os canadianos mas, apesar disso, mantém um conflito sociopolítico e territorial com a sua província do Quebec que, durante muitos anos, tem mantido uma atitude nacionalista e culturalmente de matriz francesa, oscilando entre as ideias de federalismo e de independência.
Até meados do século XVIII os territórios franceses no continente americano que constituíam a Nova França eram muito extensos e superavam largamente os territórios das treze colónias inglesas do litoral. Porém, com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) a Grã-Bretanha tomou posse daqueles territórios, embora tivesse havido muitas tensões e protestos dos colonos franceses contra as novas autoridades. Pela Lei do Quebec, promulgada em 1774, a Grã-Bretanha aceitou oficialmente a língua francesa, a religião católica e o Direito romano, pelo que as tensões com as comunidades de origem francófona se diluíram com o tempo.
Porém, quando em 1967 o General De Gaulle visitou o Canadá a propósito da Expo 67, proferiu um histórico discurso na varanda da Prefeitura de Montreal em que se dirigiu a uma grande multidão, tendo pronunciado a frase Viva o Quebec livre!.
Desde então, os sentimentos autonomistas e as rivalidades com a cultura anglófona dominante no país têm permanecido muito activas no seio da comunidade francófona, embora dentro de um sentimento de unidade nacional apesar da enorme multiculturalidade canadiana. Porém, algumas franjas sociais parecem apostar em ideias separatistas e exigem agora uma alteração à Constituição, que reconheça o Quebec como uma nação, talvez como primeiro passo para outras reivindicações. Hoje, o jornal National Post dedicou parte da sua edição a essa ideia.