Embora o assunto
não seja para graças, porque morre muita gente e o património dos beligerantes
está a sofrer grandes danos, a guerra da Ucrânia e os seus principais protagonistas
têm servido para alimentar o anedotário das redes sociais e até está a chegar
aos jornais que, em princípio, são menos sujeitos ao fenómeno da desinformação.
As
diligências feitas por Donald Trump, tanto em Anchorage como em Washington,
para encontrar uma solução para o conflito ucraniano, inspiraram o diário alemão Die
Tageszeitung, que é conhecido como taz e que, face à ideia trumpiana para a realização de um encontro bilateral entre os
vladimires de Moscovo e de Kiev, isto
é, o Putin e o Zelensky, tratou de fazer uma interpretação gráfica desse
desafio na primeira página da sua edição de hoje. Vai daí e com o apoio da IA, o jornal berlinense publicou a imagem de um
combate de boxe entre os dois líderes em que, como escreve o jornal, estão cara a cara.
Não
há muita gente que tenha passado pela experiência de lutar com todas as suas
forças contra um qualquer inimigo e depois, em poucos dias, abraçá-lo fraternalmente
como se nada tivesse acontecido. Isso dificilmente acontece. A passagem do
estado de guerra para o estado de paz é lento e é feito passo a passo, pelo que
muito do que se diz e escreve, corresponde a um estilo comunicacional que
precisa de ser alimentado com notícias ou não-notícias, verdadeiras ou não.
Assim,
não é provável que Putin e o Zelensky se encontrem cara a cara, sem que antes as suas equipas de negociadores e os
mediadores, ou os seus diplomatas, tenham acordado os termos do acordo de paz.
É exactamente isso que se espera que aconteça, sobretudo se não houver aquele
tipo de beija-mão dos líderes europeus que estiveram em Washington, cuja vaidade só
atrasa e dificulta o processo de paz.