quarta-feira, 20 de agosto de 2025

O “cara a cara” que não vai acontecer

Embora o assunto não seja para graças, porque morre muita gente e o património dos beligerantes está a sofrer grandes danos, a guerra da Ucrânia e os seus principais protagonistas têm servido para alimentar o anedotário das redes sociais e até está a chegar aos jornais que, em princípio, são menos sujeitos ao fenómeno da desinformação.
As diligências feitas por Donald Trump, tanto em Anchorage como em Washington, para encontrar uma solução para o conflito ucraniano, inspiraram o diário alemão Die Tageszeitung, que é conhecido como taz e que, face à ideia trumpiana para a realização de um encontro bilateral entre os vladimires de Moscovo e de Kiev, isto é, o Putin e o Zelensky, tratou de fazer uma interpretação gráfica desse desafio na primeira página da sua edição de hoje. Vai daí e com o apoio da IA, o jornal berlinense publicou a imagem de um combate de boxe entre os dois líderes em que, como escreve o jornal, estão cara a cara.
Não há muita gente que tenha passado pela experiência de lutar com todas as suas forças contra um qualquer inimigo e depois, em poucos dias, abraçá-lo fraternalmente como se nada tivesse acontecido. Isso dificilmente acontece. A passagem do estado de guerra para o estado de paz é lento e é feito passo a passo, pelo que muito do que se diz e escreve, corresponde a um estilo comunicacional que precisa de ser alimentado com notícias ou não-notícias, verdadeiras ou não.
Assim, não é provável que Putin e o Zelensky se encontrem cara a cara, sem que antes as suas equipas de negociadores e os mediadores, ou os seus diplomatas, tenham acordado os termos do acordo de paz. É exactamente isso que se espera que aconteça, sobretudo se não houver aquele tipo de beija-mão dos líderes europeus que estiveram em Washington, cuja vaidade só atrasa e dificulta o processo de paz. 

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