Eu imaginei –
ingenuamente – que a ida de tantos líderes europeus a Washington para se
encontrarem com Donald Trump era um pretexto para ficarem na “fotografia da
vitória”, ou “na fotografia da paz”. Que era o fim, ou quase o fim da guerra.
Que os ucranianos iam finalmente encontrar sossego e viver em paz.
Eles fizeram uma
longa viagem transatlântica e encontraram muita pompa e circunstância. A
encenação era perfeita e tudo parecia caminhar numa boa direcção. Porém, eles
foram encaminhados para uma sala lateral da Casa Branca e esperaram pelo
anfitrião, como se estivessem a aguardar uma consulta médica, o que mostrou que
a sua presença não era importante e que apenas eram figurantes nesta história
em que pouco sorriram.
Os líderes
europeus só foram a Washington para serem vistos e sofrerem mais uma humilhação,
porque a sua vaidade é superior ao seu bom senso, embora seja difícil entender
o que lá foram fazer Ursula von der Leyen, Giorgia Meloni, Mark Rutte e
Alexander Stubb, o presidente da Finlândia, simples figurantes nesta comédia
trumpiana.
Não se esperavam
quaisquer negociações, porque já estão a ser feitas com outros actores, além de
ser gente a mais para negociar o que quer que fosse. Porém, apesar de ter
havido “little movement toward deal” como hoje titula The Washington Post, os ilustres visitantes tiveram direito a uma
fotografia na capa do The New York Times, mas também
noutros jornais.
E agora?
Todos parecem
desejar o fim da guerra, mas também parece que, cada um à sua maneira, têm
interesse nos negócios da guerra, sobretudo as compras e vendas de material
militar.
Volodymyr
Zelensky está apertado e talvez desconfie de tanta solidariedade europeia, até
porque não são coincidentes os interesses (e as rivalidades) de Macron, Starmer
e Merz. Aceita falar com Putin e aceita eleições, mas sabe que não pode contar
com Donald Trump, mesmo que mude de fato e que se desdobre em elogios e
agradecimentos.
Em Anchorage o
encontro entre Trump e Putin deixou a bola nas mãos de Zelensky e,
repetidamente, Trump afirma que acordo de paz depende agora de Zelensky.
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