terça-feira, 19 de agosto de 2025

A paz na Ucrânia fica para mais tarde

Eu imaginei – ingenuamente – que a ida de tantos líderes europeus a Washington para se encontrarem com Donald Trump era um pretexto para ficarem na “fotografia da vitória”, ou “na fotografia da paz”. Que era o fim, ou quase o fim da guerra. Que os ucranianos iam finalmente encontrar sossego e viver em paz.
Eles fizeram uma longa viagem transatlântica e encontraram muita pompa e circunstância. A encenação era perfeita e tudo parecia caminhar numa boa direcção. Porém, eles foram encaminhados para uma sala lateral da Casa Branca e esperaram pelo anfitrião, como se estivessem a aguardar uma consulta médica, o que mostrou que a sua presença não era importante e que apenas eram figurantes nesta história em que pouco sorriram.
Os líderes europeus só foram a Washington para serem vistos e sofrerem mais uma humilhação, porque a sua vaidade é superior ao seu bom senso, embora seja difícil entender o que lá foram fazer Ursula von der Leyen, Giorgia Meloni, Mark Rutte e Alexander Stubb, o presidente da Finlândia, simples figurantes nesta comédia trumpiana.
Não se esperavam quaisquer negociações, porque já estão a ser feitas com outros actores, além de ser gente a mais para negociar o que quer que fosse. Porém, apesar de ter havido “little movement toward deal” como hoje titula The Washington Post, os ilustres visitantes tiveram direito a uma fotografia na capa do The New York Times, mas também noutros jornais.
E agora?
Todos parecem desejar o fim da guerra, mas também parece que, cada um à sua maneira, têm interesse nos negócios da guerra, sobretudo as compras e vendas de material militar.
Volodymyr Zelensky está apertado e talvez desconfie de tanta solidariedade europeia, até porque não são coincidentes os interesses (e as rivalidades) de Macron, Starmer e Merz. Aceita falar com Putin e aceita eleições, mas sabe que não pode contar com Donald Trump, mesmo que mude de fato e que se desdobre em elogios e agradecimentos.
Em Anchorage o encontro entre Trump e Putin deixou a bola nas mãos de Zelensky e, repetidamente, Trump afirma que acordo de paz depende agora de Zelensky.

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