O eleitorado
chileno elegeu no passado domingo como Presidente da República do Chile o candidato Gabriel
Boric, um antigo dirigente estudantil de 35 anos de idade.
Gabriel Boric é
natural de Punta Arenas, a cidade mais meridional do Chile, que é a capital da
região de Magalhães e Antártica Chilena, uma das dezasseis regiões do país,
pelo que o jornal local El Pinguino escolheu o sugestivo
título “Magallánico Boric a La Moneda”, isto é, ao Palácio Presidencial.
O presidente eleito é membro da Câmara de Deputados desde 2014 e candidatou-se à Presidência da
República como representante de uma alargada coligação de partidos de esquerda.
Embora liderasse as sondagens, veio a perder na primeira volta por 150 mil
votos a favor do candidato José António Kast, representante da extrema-direita
e admirador confesso do antigo ditador Pinochet. Para a segunda volta, Boric
seguiu as normas das campanhas eleitorais, moderou-se na linguagem e nas
atitudes, cortou o cabelo e escondeu as tatuagens, acabando por conquistar o
eleitorado que lhe deu 55,8% dos votos. Vai ser o 66º presidente da República do
Chile e também o mais jovem presidente que o país alguma vez teve.
A América Latina
e o mundo olham para o Chile com muita curiosidade. Gabriel Boric surge como um
herdeiro de Salvador Allende, o primeiro presidente socialista a chegar
democraticamente ao poder em toda a América Latina, mas que foi deposto em 1973
por um sangrento golpe de estado liderado pelo general Augusto Pinochet. Agora
há a expectativa de saber se as forças conservadoras golpistas chilenas e os
seus aliados aceitam a presidência de Boric, mas também a expectativa de saber
como vai o Tio Sam conviver com os regimes que nada lhe são subservientes, como
sucede com os regimes dirigidos por Nicolas Maduro (Venezuela), Pedro Castillo (Perú),
Luis Arco (Bolívia) e Alberto Fernández (Argentina), a que se junta a
presidência de Gabriel Boric (Chile) e, lá para Outubro, talvez também a
presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.
O tempo do autoritarismo militar
latino-americano do século XX está a dar lugar à democracia e à cidadania, esperando-se que
traga mais progresso e menos desigualdade para aquele subcontinente.