terça-feira, 26 de julho de 2016

O incerto rumo em que navega a Turquia

A capa da revista alemã Der Spiegel é elucidativa da situação de repressão que se está a viver na Turquia e, na sua última edição, assume que a democracia foi suspensa e titula que “era uma vez uma democracia”. A numerosa comunidade turca que vive na Alemanha justifica o interesse da imprensa alemã pelo que se passa na Turquia, onde o Presidente Erdogan insiste na necessidade da reintrodução da pena capital com o argumento de que se trata da vontade do povo. Depois de militares, juízes, polícias e professores, a perseguição política tem sido dirigida contra os jornalistas, ao mesmo tempo que se verificam despedimentos em massa em muitas empresas. Independentemente da natureza do golpe de estado, que aconteceu de facto ou que foi forjado pelas hostes de Erdogan, a imprensa mundial vem denunciando a repressão e o aniquilamento da oposição, o que significa o fim do regime democrático. A União Europeia já fez saber que uma eventual entrada da Turquia na União Europeia está congelada.
Entretanto nada é comentado sobre algumas importantes questões, como é o problema religioso, porque o secularismo turco pode estar a ser ameaçado pelas forças islâmicas de Erdogan. Da mesma forma, pouco tem sido comentado sobre a orientação estratégica da Turquia em relação aos curdos, ao Estado Islâmico e à Síria, nem em relação à NATO e à Rússia. Nem as autoridades turcas, nem a imprensa internacional têm abordado essas questões, o que é muito preocupante. A realidade é apenas que a Turquia de Erdogan está cada vez mais a afastar-se da democracia e a seguir um rumo que ninguém sabe em que direcção vai.

Certamente, a mais dura prova do mundo

Terminou a 103ª edição do Tour de France que é uma das mais importantes provas desportivas mundiais. Foram percorridos 3.535 quilómetros em 21 etapas e no final o vencedor foi o britânico Christopher Froome, que viu a sua fotografia na capa dos principais jornais ingleses e franceses, como por exemplo no The Guardian.
Qualquer actividade desportiva é exigente para com os seus praticantes que pretendam ter níveis de desempenho com reconhecimento internacional, obrigando-os a muitos anos de preparação, de treino e de privação de uma vida normal, para depois se confrontarem num tempo muito escasso de minutos ou de poucas horas, com uma prova, um jogo, um salto, um combate ou uma regata, que tanto os pode elevar à vitória e à condição de estrela, como pode derrotá-los e tornar inglório o esforço e a dedicação de muitos anos de preparação.
No caso do ciclismo e em especial no Tour de France, não se exige um esforço de uma ou duas horas, mas um esforço contínuo de muitas horas durante vários dias. Para vencer pela terceira vez o Tour de France em 2016, o ciclista Chris Froome pedalou durante mais de 89 horas, subiu muitas montanhas, suportou muita chuva, sofreu quedas e defrontou adversários igualmente bem preparados. Nenhum praticante de futebol, remo, ténis ou esgrima, suporta um esforço físico e mental tão acumulado e contínuo. Só os super-atletas como Christopher Froome.
Este ano o Tour de France teve dois participantes portugueses, ambos com classificações finais bem modestas, apesar de ambos terem feito alguns brilharetes em etapas: Rui Costa concluiu a corrida na 49ª posição, enquanto Nélson Oliveira terminou a prova no 80º lugar da classificação final. Podia ter sido melhor, mas o facto de terem terminado o Tour já merece uma justa referência e o nosso elogio.