quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A paz na Coreia 65 anos depois da guerra?

O Presidente Moon Jae-in da Coreia do Sul viajou de Seul para Pyongyang, onde foi recebido pelo Presidente Kim Jong-un da Coreia do Norte. Esta visita é um dos mais extraordinários acontecimentos da política internacional nos últimos tempos, porque em termos políticos e jurídicos “pode acabar com a guerra que nunca acabou”, como refere a edição de hoje do The Wall Street Journal.
A guerra da Coreia aconteceu entre 1950 e 1953 devido à rivalidade entre americanos e soviéticos que pretendiam dominar a península da Coreia e deram origem a uma guerra entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, em que os aliados de ambos os lados quase reeditavam a 2ª Guerra Mundial, mas então com alto risco de uma guerra nuclear. Morreram cerca de 4 milhões de coreanos e, por acção das Nações Unidas, no dia 27 de Julho de 1953 foi assinado um armistício que assegurou a cessação das hostilidades “até que uma solução pacífica final seja alcançada”. Essa solução, ou esse tratado, nunca foi assinado mas, recentemente, os dois dirigentes coreanos prometeram que, até ao final do ano, seria assinado um tratado de paz.
Passaram-se 65 anos e, na realidade, as duas Coreias permaneceram divididas e os pequenos conflitos continuaram, sem terem revestido um carácter militar, embora o desenvolvimento das capacidades nucleares norte-coreanas tenha sido uma preocupação para os coreanos do Sul e uma ameaça à paz mundial. Entretanto, a Zona Desmilitarizada da Coreia, uma faixa de segurança criada em 1953 com 238 km de comprimento e 4 km de profundidade, continua a servir de fronteira e a ser a zona mais militarizada do mundo.
Agora que o Presidente Moon Jae-in foi a Pyongyang e que o Presidente Kim Jong-un parece ir brevemente a Seul, ao mesmo tempo que se abraçam como velhos amigos e anunciam uma candidatura conjunta aos Jogos Olímpicos de 1932, tudo parece entrar num caminho de paz.

A nova Angola e a cooperação fortalecida

A visita de dois dias que António Costa efectuou a Luanda foi um marco importante no futuro das relações entre Portugal e Angola e fica-se com a convicção de que a partir de agora nada será como dantes.
Escreveu-se que houve um "divórcio temporário" que começou a ser superado em Maio quando se soube que Manuel Vicente ia ser julgado em Angola e não em Portugal. Foi então que começou um novo ciclo das relações entre os dois países e, certamente, os quatro encontros que António Costa manteve com o novo Presidente de Angola no último ano, serviram para solidificar a confiança pessoal e política entre ambos. A viragem diplomática aconteceu e, com ela, renasceu uma cooperação desejada. 
O Jornal de Angola deu um relevo excepcional à visita de António Costa e escreveu que “isto é bom para Angola, tanto quanto para Portugal, sendo igualmente importante reter o facto de a gestão do que as autoridades lusas consideravam como ‘irritante’ ter sido feita sem o agravamento das relações bilaterais”. Se a presidência de João Lourenço era um sinal de mudança para Angola, este reencontro com Portugal e a assinatura de onze acordos de cooperação vieram reforçar o seu poder e abrir as portas a um novo ciclo de que, tanto Angola como Portugal, podem tirar grandes proveitos para as suas economias.
António Costa também deu um passo relevante ao desbloquear em tão pouco tempo uma situação indesejada, porque Angola e Portugal têm demasiadas afinidades e, por isso, a confiança entre ambos é essencial para milhões de angolanos e portugueses. As fotografias dos dois dirigentes que a imprensa divulgou, falam por si.