domingo, 13 de setembro de 2020

A pandemia e o irresponsável Donald

A última edição da revista TIME dedica a sua capa e o seu principal artigo à crise pandémica que afecta os Estados Unidos e o mundo e, depois de afirmar que já morreram cerca de 200.000 americanos, que correspondem a cerca de 20% dos óbitos causados pelo covid-19 no mundo, pergunta quantas mais vidas serão perdidas até que o país acerte o caminho.
O texto é uma acusação a Donald Trump, responsabilizando-o por esta tragédia americana. Segundo aquele texto, o país está perante uma tragédia que poderia ter evitado milhares de mortos neste Verão, se as soluções da ciência e do bom senso tivessem sido seguidas, apresentando o exemplo de vários países que adoptaram medidas adequadas que tiveram bons resultados. O texto refere que os problemas sanitários americanos são generalizados a todo o país e “they start at the top”, constituindo um grave “catalog of Donald Trump’s failures” na sua incapacidade para controlar a pandemia, lembrando mesmo que até ao dia 11 de Julho ele se recusou a usar máscara em público. Terá sido essa atitude irresponsável que faz com que cerca de 66% dos americanos, isto é, cerca de 217 milhões de pessoas, continuem a não usar máscaras em público.
Outra revelação do estudo da TIME são as desigualdades da saúde pública americana, pois os americanos negros (onde se incluem as comunidades latinas e os americanos nativos) têm quase três vezes mais probabilidade do que os americanos brancos de contrair o covid-19, quase cinco vezes mais probabilidades de serem hospitalizados e duas vezes mais probabilidades de morrer. Porém, o que parece estar agora a preocupar as pessoas responsáveis é o número de americanos que afirmam estar hesitantes em receber uma eventual vacina de protecção ao covid-19, porque a sua confiança está abalada pelos sucessivos disparates que Trump tem repetido a propósito da vacina. Além disso, os especialistas temem que uma nova onda pandémica possa surgir no próximo Inverno, agravada pelo surto anual de gripe.
Porém, o que verdadeiramente surpreende, contra o que é habitual, é o desalinhamento da TIME com a política desastrosa de Trump.