segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Um breve encontro, um passo necessário

A guerra prossegue no território ucraniano, mas pouco sabemos sobre o que realmente se passa no terreno, para além das repetidas imagens televisivas que nos chegam e que nos mostram o sofrimento das populações na sua fuga em busca de segurança. Essas imagens são reais. As grandes novidades desta crise serão a ameaça de utilização de armamento nuclear por uma das partes (Rússia) e o enorme apoio internacional que tem a outra parte do conflito (Ucrânia), mas também a intensa utilização das plataformas comunicacionais, como a televisão e as redes sociais, que estão a fazer um novo tipo de guerra através de uma intensa manipulação da informação, mas que também servem para mobilizar solidariedades, para denunciar abusos e para reclamar pelo fim da guerra.
Putin foi longe demais e abriu uma caixa de Pandora. Hoje houve um breve encontro entre as partes e esse foi um passo necessário e um sinal de esperança. A Europa deveria ter estado nesse encontro a mediar, mas optou por apoiar uma das partes e lançar gasolina para a fogueira. Naturalmente, cada uma das delegações estará a estudar as propostas que recebeu da outra parte como base para uma negociação e para um desejável cessar-fogo, esperando-se que cada uma delas entenda bem o que é uma negociação, isto é, que saiba que tem que ceder alguma coisa para que o sofrimento da população fique por aqui.
Os tempos mudaram muito e as imagens que nos chegam das populações em fuga do território ucraniano, bem como as ameaças russas, têm gerado solidariedades por todo o mundo, inclusive na própria Rússia. Milhares de pessoas por todo o mundo têm participado em marchas de protesto contra a guerra e em apoio do povo ucraniano. O jornal The Washington Post foi um dos jornais que hoje destacou em primeira página a grande manifestação contra a guerra, ontem realizada em Berlim.   
Hoje o presidente Zelensky pediu a adesão urgente da Ucrânia à União Europeia. Não sei se será a melhor altura para abrir o processo de adesão que é sempre demorado, recordando aqui que Portugal esperou uns bons dez anos para satisfazer todos os critérios necessários.