sábado, 12 de maio de 2018

Cáceres é uma cidade em euforia e festa

A Comunidade Autónoma da Extremadura espanhola está repartida pelas províncias de Cáceres a norte e Badajoz a sul, mas a sua capital encontra-se em Mérida, a antiga capital da Lusitânia.
As cidades da Extremadura possuem um valioso património histórico e arquitectónico, pelo que uma visita a estas cidades de muralhas e de cegonhas é sempre recomendada, até porque a distância a que se encontram da fronteira portuguesa não excede uma centena de quilómetros por boas estradas.
A monumental cidade de Cáceres é, simultaneamente, a sede de um município e de uma província e o seu centro histórico foi incluido em 1986 na lista do Património da Humanidade pela Unesco.
É, pois, nesta cidade que desde 1992 se realiza o Womad ou World of Music, Arts and Dance, um festival internacional que dura três ou quatro dias e que acontece em três dezenas de países e que, segundo a organização, é uma festa da diversidade cultural, da tolerância, da solidariedade, do respeito, do entendimento e da explosão da criatividade. O Womad Cáceres 2018 decorre desde o dia 10 de Maio e nele participam 32 artistas de 11 países, embora as iniciativas do festival se estendam para além da música. A alargada e atraente Plaza Mayor da monumental cidade de Cáceres é o centro do festival e, como se vê na fotografia hoje publicada pela edição estremenha do jornal el Periódico, transforma-se e fica absolutamente ocupada pela multidão.
Naturalmente, quem já passeou por aquela praça e se sentou nas suas esplanadas a tomar uma cerveja fresca em dia de grande calor, fica assustado com tanta gente e tanta euforia. Por isso, atrevo-me a recomendar uma visita a Cáceres e outras cidades estremenhas como Mérida e Trujillo, mas numa altura em que não haja o Womad e as suas multidões...

A China e o seu apetite pela ex-lusa EDP

A EDP – Energias de Portugal é uma grande empresa do sector energético com actividade ao nível da produção, distribuição e comercialização de electricidade, e comercialização  de gás que nasceu em 1976 como resultado da fusão de 14 sociedades exploradoras do serviço público de produção, transporte e distribuição de energia eléctrica que tinham sido nacionalizadas no dia 15 de Abril de 1975.
A empresa cresceu, diversificou actividades e em 1996 iniciou um processo de internacionalização que teve como contrapartida a privatização de uma parte do seu capital, numa altura em que as privatizações estavam na moda. Foram então alienados 30% do capital da empresa numa operação em que a procura superou a oferta em mais de trinta vezes e que foi considerada como um sucesso do chamado capitalismo popular, pois cerca de 800 mil portugueses tornaram-se accionistas da EDP. Depois, sucedeu-se a privatização de outras fatias do capital social, embora se mantivesse o controlo do Estado até que, em 2011, os direitos especiais do Estado ou golden share  foram eliminados por imposição da troika que por aí andou.
Nessa altura, uma empresa estatal chinesa - China Three Gorges Corporation  - assegurou a maioria do capital da sociedade, na qual cerca de 40% são controlados por estados ou capitais estrangeiros, designadamente dos Estados Unidos, de Espanha, Holanda, Argélia, Qatar, Abu Dhabi e Noruega.
A EDP é um nó na garganta para muitos portugueses que não compreendem como é possível que a maior empresa portuguesa possa estar nas mãos e servir interesses do capital estrangeiro, gerando enormes lucros para os seus accionistas chineses, americanos, espanhóis e outros.
Agora apareceu um outro grupo chinês a querer comprar toda a EDP e fez uma (quase) irrecusável Oferta Pública de Aquisição (OPA) de 7.700 milhões de euros, que não é mais do que uma verdadeira aposta estratégica da China na "conquista" da Europa e não no desenvolvimento do nosso pequeno Portugal do Mexia, do Catroga e dos amigos que estão com eles nos cadeirões da EDP.
O curioso é que esta OPA é mais noticiada em Espanha, sobretudo nos jornais das Astúrias onde a EDP tem interesses, do que no nosso Portugal.