As relações entre
Macau e Timor tornaram-se íntimas desde que em 1844 ambos foram desligados do Estado
da Índia e das autoridades de Goa, tendo passado a constituir a província de Macau,
Solor e Timor, com um governador residente em Macau e um governador subalterno
em Timor, dele dependente. Depois, ainda houve algumas alterações deste quadro
político, mas em 1863 o território de Timor foi declarado como província
ultramarina de Portugal, tendo a vila de Dili sido elevada à categoria de
cidade.
A distância de
Lisboa foi apenas uma das razões porque Timor nunca se desenvolveu, embora
existam alguns edifícios que testemunham
alguma coisa do que foi feito pelas autoridades portuguesas e pelas missões
católicas. Um deles, construído em 1932 e actualmente em ruinas, é o belo
edifício escolar do reino de Kelicai, no distrito de Baucau e nas proximidades
do famoso monte Matebian que tem 2316 metros de altitude, que parece ter
sobrevivido à ocupação japonesa (1942-1945) e indonésia (1975-1999). A escola
funcionou até 1942 e só voltou a funcionar em 2014, mas em condições muito
precárias, com as salas cobertas com folhas de zinco, bambu e folhas de
palmeira. O jornal macaense ponto final veio agora divulgar que
foi constituída uma Associação de Reabilitação do Edifício Escolar do Reino de
Kelicai–Timor Leste (AREESK-TL) para recuperar e salvaguardar aquele edifício
histórico e com ele preservar a cultura portuguesa em Timor Leste. O presidente
não executivo desta associação é o bispo D. Ximenes Belo, prémio Nobel da Paz
em 1996. Nesta altura estão reunidos 25 mil euros dos 360 mil que são
necessários para reabilitar a escola onde 200 alunos do ensino secundário, entre outras coisa, poderão
aprender o português.
Tanto quanto sei,
há várias associações de amizade Portugal–Timor Leste registadas. Então, se
existem, que façam alguma coisa de útil e que, ao menos uma delas, se interesse
por este desafio que é a reabilitação da escola de Kelicai.