No próximo dia 15
de Março perfazem-se dez anos sobre o início da guerra civil na Síria. Tudo
começou em Janeiro de 2011 com manifestações populares contra o regime de
Bashar al-Assad, no contexto da chamada Primavera Árabe, tendo havido violentos
confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança do regime. No dia 15
de Março de 2011 uma parte do Exército sírio revoltou-se e juntou-se à oposição
para destituir Bashar al-Assad, formando o Exército Livre da Síria (ELS), enquanto
o regime e os seus fiéis passaram a tratar a oposição armada como terroristas.
Porém, o objectivo da luta depressa deixou de ser a tomada do poder pela
oposição, pois formaram-se diversos grupos de cariz religioso em que a
rivalidade entre xiitas e sunitas prevaleceu. O conflito passou a opor uma
maioria sunita apoiada pelos estados do Golfo às forças xiitas leais a Bashar
al-Assad, apoiadas pelo Irão e pela Rússia. Entretanto, a partir de 2014 entrou
em grande actividade ao lado da oposição o autoproclamado Estado Islâmico do
Iraque e do Levante (EIIL ou Daesh) que depois passou a actuar de forma
autónoma. Destas várias situações resultou a internacionalização do conflito
com a entrada em cena do Líbano e do Iraque, dos estados do Golfo, da Turquia e
do Irão, da Rússia e dos Estados Unidos. Em Março de 2019 o Daesh foi finalmente
derrotado, depois de ter chegado a controlar mais de 200 mil quilómetros
quadrados de território na Síria e no Iraque. Nessa altura, com o apoio russo o
regime sírio controlava quase todo o território, mas a Turquia ameaçava a província
síria do Curdistão. Então a guerra civil na Síria saíu da agenda dos mass media internacionais e pouco se
sabe sobre o que se passa, isto é, se ainda há guerra, se há conversações, que
potências estrangeiras estão no terreno ou se a reconstrução do país começou.
Agora, na
passagem do décimo aniversário do início da guerra e por ocasião da visita
papal ao Iraque, o jornal L’Osservatore Romano, que é o órgão oficial
do Vaticano veio lembrar que há uma geração de sírios que foi devastada pela
guerra e “o terrível impacto da guerra nas crianças sírias e nas suas famílias”,
salientando que, de acordo com a Unicef, houve cerca de 12.000 crianças que foram
mortas ou feridas e que mais de 5.700 menores foram recrutados como combatentes.
Entretanto, sobre
o curso actual do conflito não há notícia.