quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Há deputados em off-side

Um dirigente nacional da jovem associação cívica
“Transparência e Integridade” afirmou ao Jornal de Notícias que o nosso Parlamento "se abastardou" e que é um “escritório de representações”, denunciando que, pelo menos 13 dos actuais deputados - que identifica -, chumbam na ética, porque um deputado não pode defender os eleitores e o interesse público e, ao mesmo tempo, representar interesses privados.
Os deputados são eleitos pelo povo para o representar no Parlamento, para exerceram a função legislativa e para defender o bem comum e o interesse público. Para o bom desempenho desse cargo, têm um estatuto apropriado, alargadas imunidades, muitos privilégios e elevadas remunerações no contexto da administração do Estado.
Assim, eles deveriam ser os melhores, ou dos melhores, de todos nós.
Porém, a análise comparativa do registo de interesses dos deputados com a sua actividade política e parlamentar, revela falta de transparência e menor integridade ética, pois muitos desses deputados estão ligados a empresas públicas, sociedades de advogados, empresas imobiliárias e de construção civil, bancos e sociedades financeiras. O conflito de interesses é evidente e, embora não se trate de situações de clara ilegalidade, são casos de ganância e comportamentos eticamente condenáveis de gente “que não tem vergonha na cara” e que, dessa forma, potenciam maus exemplos para toda a sociedade. São deputados que estão off-side. Não podemos manter esse tipo de gente. Não pode valer tudo. Na anterior legislatura calcula-se que um terço dos deputados estava em conflito de interesses e, na actual, estima-se que esse número seja semelhante.
Não há quem ponha fim a isto?

Um acontecimento jornalístico e editorial

O Diário de Notícias celebra hoje o seu 147º aniversário e surgiu nas bancas em formato Berliner, que é bem maior do que o habitual, apresentando-se assim como uma edição especial dedicada ao ano de 2011.
O director convidado para esta edição foi o economista Victor Bento, que se revelou realista mas também optimista, ao mostrar-se confiante de que a tormenta por que passamos agora se há-de transformar em boa esperança, tal como em finais do século XV o cabo das Tormentas de Bartolomeu Dias se tornou no cabo da Boa Esperança.
A ideia de reproduzir na primeira página da edição uma criação do pintor Nadir Afonso com a sua interpretação do mito grego do rapto da Europa, confere à edição um especial significado cultural, numa época em que o Velho Continente passa por grandes dificuldades e em que tem sido a vertente económico-financeira a dominar os mass media. No seu enriquecido conteúdo dedicado especialmente aos acontecimentos que dominaram o ano de 2011 em Portugal e no mundo, destaca-se uma grande entrevista de Mário Soares, cuja leitura constitui, como habitualmente, um bom exercício de reflexão.
Pode afirmar-se que nesta edição, o ano de 2011 foi noticiado num só dia, pois inclui artigos actuais e de reflexão sobre os momentos mais marcantes do ano, nas diferentes secções habituais do jornal, destacando-se como temas dominantes as alterações e as ameaças que se têm verificado em torno do euro, as evoluções da política portuguesa, a Primavera Árabe, a ascensão de Dilma e o desaparecimento de Bin Laden e de Kadhafi, o tsunami de Fukushima e as expectativas portuguesas em torno do Europeu de futebol. Além de tudo isto, cada secção inclui uma entrevista a uma personalidade sobre o que nos espera em 2012, para além de uma grande diversidade de imagens que nos recordam os acontecimentos mais marcantes do ano. A edição está bem apoiada publicitariamente, o que também é um prémio para a Global Notícias Publicações, SA.
Estão todos de parabéns por este excelente trabalho jornalístico e editorial.