Na última semana
do passado mês de Setembro um juiz espanhol determinou a prisão de sete
independentistas catalães porque, supostamente, planeavam acções violentas que
iriam coincidir com o anúncio da sentença do procés. A detenção foi concretizada através da Operación Judas e os detidos pertenceriam às Equipos de Respuesta Táctica (ERT), uma nova organização derivada
dos Comités de Defensa de la República (CDR), que activamente
lutam pela independência da Catalunha por via violenta. A decisão do juiz
baseou-se na acusação de que aqueles indivíduos pertenciam a uma organização
terrorista, que possuiam ou preparavam a fabricação de explosivos e que
preparavam diversas acções violentas contra esquadras da polícia e até a ocupação
do Parlamento.
Passou-se mais de
um mês e ontem, a poucos dias das eleições legislativas espanholas, foram
divulgados alguns vídeos em que alguns dos detidos confessaram ligações com
dirigentes políticos e outros actores do processo independentista, incluindo o
presidente Quim Torra e o seu antecessor Carles Puigdemont, insinuando que eles
apoiavam a sua mais sonhada acção que era a ocupação do Parlamento catalão durante
uma semana. Embora Quim Torra se tivesse apressado a negar aquela acusação e a
afirmar que os detidos falaram sob pressão policial, a sua simpatia pelos CDR é
do domínio público, até porque neles milita activamente a sua filha. Os jornais
espanhóis de referência tratam hoje desse episódio, sobretudo o conservador ABC
que lhe dá um destaque de primeira página. Porém, a questão fundamental, para
além de uma evidente preocupação pelo aparecimento na Catalunha de qualquer
coisa semelhante à ETA, é saber a razão porque esta notícia aparece antes das
eleições e que efeito terá no eleitorado. Até parece o nosso “caso Tancos” que,
enquanto fake new, tanto perturbou as
nosssas eleições legislativas.