quinta-feira, 7 de novembro de 2019

O nervosismo que perturba a Catalunha

Na última semana do passado mês de Setembro um juiz espanhol determinou a prisão de sete independentistas catalães porque, supostamente, planeavam acções violentas que iriam coincidir com o anúncio da sentença do procés. A detenção foi concretizada através da Operación Judas e os detidos pertenceriam às Equipos de Respuesta Táctica (ERT), uma nova organização derivada dos Comités de Defensa de la República (CDR), que activamente lutam pela independência da Catalunha por via violenta. A decisão do juiz baseou-se na acusação de que aqueles indivíduos pertenciam a uma organização terrorista, que possuiam ou preparavam a fabricação de explosivos e que preparavam diversas acções violentas contra esquadras da polícia e até a ocupação do Parlamento.
Passou-se mais de um mês e ontem, a poucos dias das eleições legislativas espanholas, foram divulgados alguns vídeos em que alguns dos detidos confessaram ligações com dirigentes políticos e outros actores do processo independentista, incluindo o presidente Quim Torra e o seu antecessor Carles Puigdemont, insinuando que eles apoiavam a sua mais sonhada acção que era a ocupação do Parlamento catalão durante uma semana. Embora Quim Torra se tivesse apressado a negar aquela acusação e a afirmar que os detidos falaram sob pressão policial, a sua simpatia pelos CDR é do domínio público, até porque neles milita activamente a sua filha. Os jornais espanhóis de referência tratam hoje desse episódio, sobretudo o conservador ABC que lhe dá um destaque de primeira página. Porém, a questão fundamental, para além de uma evidente preocupação pelo aparecimento na Catalunha de qualquer coisa semelhante à ETA, é saber a razão porque esta notícia aparece antes das eleições e que efeito terá no eleitorado. Até parece o nosso “caso Tancos” que, enquanto fake new, tanto perturbou as nosssas eleições legislativas.

Sem comentários:

Enviar um comentário