A notícia da
edição de hoje do Jornal de Notícias é alarmante mas confirma as suspeitas que
existem, desde há alguns anos, de que há cada vez menos praças nas Forças
Armadas, designadamente no Exército e na Força Aérea.
Segundo refere a
notícia, os efectivos das Forças Armadas são actualmente de 25.845 elementos, tendo havido uma redução de cerca de 25% nos últimos oito anos. No que respeita à classe de praças, no mesmo período, a redução foi superior a 40%. Actualmente o Exército tem 6265 praças, 3881 sargentos e 2976 oficiais, a Força Aérea tem 1930 praças, 2620 sargentos e
1944 oficiais, enquanto a Marinha tem 3714 praças, 2237 sargentos e 1985 oficiais. Esta "situação insustentável", segundo o CEMGFA, resulta sobretudo das opções políticas
e dos constrangimentos orçamentais, mas também de uma atitude cultural do poder político.
Destes
números pode concluir-se que a organização militar portuguesa tem uma pirâmide
hierárquica invertida, certamente por corresponder a uma maior qualificação
técnica dos seus elementos para os habilitar a dar resposta à sofisticação dos
modernos equipamentos militares, mas também mostra um crescente desinteresse do
poder político pelas suas Forças Armadas, provavelmente porque é grande o fosso
existente entre os valores sociais dominantes e a cultura militar. A clássica
opção apresentada há muitos anos por Paul Samuelson relativamente à utilização
de recursos escassos na escolha entre canhões e manteiga, tem plena aplicação
no caso português, porque a classe política que ocupa, ou quer ocupar o poder,
se sustenta através do voto dos eleitores e estes estão mais interessados em
manteiga do que em canhões.
Porém,
o problema da dimensão das Forças Armadas, do recrutamento de pessoal e da
retenção dos militares qualificados não é apenas uma questão cultural porque é,
sobretudo, uma questão de constrangimentos orçamentais que até é comum à
maioria dos países europeus, como tantas vezes tem salientado o Donald. O facto
é que o assunto é complexo e não pode deixar de ser estudado por quem saiba,
porque assim as coisas não estão bem e, enquanto pilar do Estado democrático,
as Forças Armadas têm que ser prestigiadas e dotadas dos meios adequados para
cumprir as suas missões.
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