terça-feira, 2 de outubro de 2018

O conflito catalão renasceu e está vivo

Os partidos e as organizações independentistas catalãs organizaram ontem em Barcelona uma manifestação para comemorar o primeiro aniversário do referendo de 1 de Outubro de 2017 (1-O). Esse referendo de 2017 tinha sido convocado pelo Governo Regional da Catalunha (Generalitat de Catalunya), mas tinha sido proibido pelo Tribunal Constitucional e pelo Governo de Espanha então chefiado por Mariano Rajoy, mas os independentistas compareceram nas urnas. Dos mais de 5 milhões de eleitores recenceados votaram 43% e, destes, houve 92% que responderam “sim” à pergunta "Quer que a Catalunha seja um estado independente em forma de república?”. Significa que, de acordo com os dados anunciados mas não verificados, houve 38% do eleitorado catalão que votou pela independência, mas nunca ninguém certificou estes resultados em que cada um votou as vezes que quis e nos locais que quis. Foi uma farsa em que ninguém acreditou. Porém, no dia 10 de Outubro, o então presidente da Generalitat Carles Puigdemont, declarou a independência catalã de forma unilateral, mas pediu que o efeito dessa declaração fosse suspenso durante algumas semanas para que se abrisse um diálogo. Entretanto, Puigdemont retitou-se para Bruxelas, a Catalunha serenou e recuperou a sua autonomia que lhe havia sido retirada por acção do artigo 155 da Constituição Espanhola.
Ontem os CDR (Comités de Defesa da Revolução), que foram criados em 2017 para defender os resultados de um referendo sem qualquer valor jurídico e sem reconhecimento internacional, com o apoio expresso de Quim Torra, o actual presidente da Generalitat, tentaram assaltar o Parlamento Catalão, como se estivessem em 1917 em frente do Palácio de Inverno em Moscovo, ou em 1989 em frente do Palácio de Ceausescu em Bucareste. A polícia catalã, os Mossos de Esquadra, impediram essa tentativa de invasão, mas os acontecimentos de ontem em Barcelona, que a imprensa relata e a televisão mostra, revelam que o conflito catalão vai continuar e que Quim Torra pode juntar-se brevemente a Carles Puigdemont ou a Oriol Junqueras, pelo seu expresso incitamento à desordem pública e à violência.