A propósito de uma Conferência de Apoio à Luta contra a Pobreza e a Exclusão que se realizará na próxima semana em Paris, os jornais franceses destacaram o tema com bastante preocupação e, por exemplo, o jornal ouest-france titula que “um francês em cada oito vive na pobreza”, acrescentando que 8 milhões e 600 mil cidadãos franceses vivem abaixo do limiar da pobreza, isto é, com menos de 964 euros por mês.
A pobreza na Europa tem diminuído ao longo dos últimos anos, mas depois da crise de 2008 voltou a aumentar, tal como a desigualdade social, conforme revelam todos os indicadores do Eurostat. Porém, o que mais inquieta a sociedade francesa é a chamada “grande pobreza”, isto é, aqueles que vivem com menos de 640 euros por mês. Em 2002 havia 1,34 milhões de pobres, mas em 2012 são 2,3 milhões, isto é, mais 71%, que são vítimas do desemprego, do sobreendividamento e de uma forma mais geral da crise económica francesa.
A inquietante realidade francesa junta-se à crise espanhola para nos evidenciar a extensão e a gravidade da crise europeia e, também, para nos revelar as dificuldades adicionais que temos com as nossas exportações e, consequentemente, com a retoma do crescimento económico e a criação de emprego em Portugal. É um problema muito sério e mostra como estavam errados aqueles que ganharam as eleições portuguesas em 2011, que não perceberam que a intensificação dos nossos males a partir de 2008, já era uma consequência desta crise europeia e de um fim de ciclo.