Na semana
passada, quando a selecção nacional de futebol bateu a sua congénere da Nigéria
por 4-0, um desmedido entusiasmo tomou conta daqueles que mais influenciam o
nosso país, isto é, as televisões e os seus gatekeepers.
O presidente da República associou-se a essa onda e logo tratou de anunciar que
estaria no Qatar para apoiar a selecção, porque disse ser “de interesse
nacional”, tendo essa intenção aqui sido criticada, mais por razões económicas
do que por razões políticas.
Nos dias
seguintes muitas vozes se levantaram contra aquela intenção do presidente da
República, porque a sua deslocação iria caucionar o regime do Qatar, que viola
os direitos humanos e discrimina as mulheres, mas que também iria dar cobertura
ao duvidoso processo que levou à sua escolha para acolher o Mundial de Futebol.
Inteligente e hábil, Marcelo Rebelo de Sousa desdobrou-se então em explicações
e tratou de garantir que iria falar em direitos humanos aos qataris e que iria
apenas para apoiar a selecção. Todos ficamos mais sossegados, embora sem saber
se o presidente iria falar antes ou depois do jogo, mas também sem saber se só
leva cachecol ou também leva uma bandeirinha, ou se usaria outros adereços
próprios das claques...
Hoje o Expresso Curto publica um texto
intitulado “Marcellum Falcon”, que nos esclarece sobre o Falcon que Marcelo tantas vezes utiliza e que já voa a caminho do
Qatar. São cerca de 15.000 quilómetros de ida e volta a gastar combustível,
para ver um jogo de futebol, em tempos que deveriam ser de contenção. E de bons exemplos. Por isso,
a questão do custo para o erário público desta deslocação para apoiar a
selecção num jogo de futebol contra a equipa do Gana, não pode ser ignorada. Quem integra
a comitiva do Senhor Presidente? Onde ficará instalada a comitiva do Senhor
Presidente? Quanto custa toda esta operação destinada a satisfazer a vontade
pessoal do Senhor Presidente?
Todos os
contribuintes deveriam conhecer as respostas a estas questões, devidamente discriminadas e quantificadas em euros. Ponto final.