quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Chegou ao fim "a doce ilusão do Carnaval"

Ontem foi a terça-feira de Carnaval e hoje, que é quarta-feira, todos os que se divertiram estão perante “a doce ilusão do Carnaval”, como rezam algumas canções brasileiras. Todos os nossos canais televisivos dedicaram extensos espaços às festividades e mostraram a maior ou menor extravagância dos desfiles carnavalescos. Próximo da fronteira portuguesa, o Carnaval de Badajoz atraiu milhares de pessoas para assistirem a um desfile que durou dez horas e em que participaram 10 mil pessoas, integradas em 54 comparsas ou grupos carnavalescos, 35 carros alegóricos e 16 grupos menores.
Um júri escolheu a comparsa Caribe como vencedora do primeiro prémio do Gran Desfile 2024, que assim obteve a sua terceira vitória em 18 anos, tendo-se apresentado com trajes de criação própria que custaram mais de 200 euros cada um.
Porém, na sua edição de hoje, o jornal La Crónica de Badajoz destaca que a cidade “transbordou” de Carnaval, mas ilustrou a sua primeira página com a fotografia da principal figura da comparsa Caretos Salvavidas que, com 220 elementos, incluindo 115 bailarinos e 73 músicos, foi uma das mais numerosas que se apresentaram. Certamente, muitos portugueses atravessaram a fronteira para assistir aos desfiles de Carnaval em Badajoz, mas estando anunciado pelo jornal Linhas de Elvas, a apresentação de grupos de mascarados e de trapalhões nas ruas do Alandroal, Arronches, Campo Maior, Elvas e Fronteira, ficamos sem saber quais foram as escolhas dos entusiastas carnavalescos daquela região alentejana.

A comunicação social como arma política

O jornal New York Post, um tablóide conservador americano que é o nono jornal de maior circulação nos Estados Unidos, é também o mais antigo jornal do país, pois foi fundado em 1801. Nos últimos tempos, o jornal tem-se destacado por tomar parte na campanha para as eleições presidenciais, por promover notícias e comentários contra o presidente e candidato Joe Biden. Há poucos dias chamava-lhe “velho” e, na sua edição de hoje, de forma depreciativa, chama-lhe “a marca”. Diz o jornal que Tony Bobulinski, um parceiro de negócios da família Biden, testemunhou no inquérito que está em curso visando Joe Biden, que foram feitos negócios em que “o vice-presidente Joe Biden era a marca que o filho Hunter e o irmão James estavam a vender por todo o mundo”, o que o jornal ilustra com uma embalagem de detergente da “marca Biden”.
Esta notícia é uma curiosidade em dois sentidos. Por um lado mostra como há quem se aproveite das suas ligações pessoais ou políticas para abrir portas e fazer negócios e, por outro, mostra como a imprensa escrita, ou televisiva, aproveita estes casos para difamar um qualquer cidadão com objectivos políticos, antes de ser provada a sua culpabilidade. Neste caso, uma declaração de um tal Bobulinshi serviu para “queimar Biden” perante os leitores do New York Post.
Por cá temos ambas as coisas como mostram dois casos recentes, isto é, temos gente que se aproveita do nome do pai para meter cunhas ou fazer negócios, mas também temos canais televisivos e jornalistas que se prestam a entrevistar ex-gestores da TAP, fora de tempo e com evidentes objectivos político-partidários.
A lição é simples: não há informação independente e temos que duvidar cada vez mais daquilo que dizem as televisões, os jornais e a internet.