sábado, 6 de fevereiro de 2021

Os cinco sentidos em tempo de pandemia

Em vez de insistir nas notícias sobre as eventuais irregularidades na distribuição das vacinas, ou sobre a falta de computadores portáteis nas escolas ou, ainda, sobre os resultados do futebol no dia anterior, o jornal Público destaca as especiarias na primeira página da sua edição de hoje. Num tempo de uma enorme especulação jornalística, quando não de descaradas e desonestas mentiras numa competição pelo sensacionalismo e de luta pelas audiências, trata-se de uma boa opção editorial daquele diário, até porque todos começamos a ficar cansados de ouvir tantos irresponsáveis que nos entram em casa através das televisões e de ver manchetes de jornais que nos querem fazer crer que tudo corre mal no país, o que não é verdade.
A imagem da capa do jornal Público recorda-nos os cinco sentidos de que o ser humano dispõe, que lhe facilitam o convívio com o ambiente que o rodeia – visão, audição, olfato, paladar e tacto – permitindo-lhe a captação de imagens, sons, sabores, odores e formas.
Assim, um bailado desperta-nos a visão, a música alimenta-nos a audição e um perfume estimula-nos o olfato, enquanto as especiarias nos entusiasmam não só com a diversidade das suas cores e com a intensidade dos seus odores mas, sobretudo, porque são um estímulo incontornável para o paladar.
Em tempos de pandemia e de confinamento, a activação dos nossos sentidos é uma necessidade para a manutenção de uma saudável forma física e mental, não só para resistir aos efeitos da crise pandémica, mas também para evitar os efeitos perniciosos das distorções da comunicação social e de muitos dos seus agentes. Por isso, hoje vou exercitar o meu paladar e vou recorrer ao take away, procurando consolar-me na ementa do Delhi Darbar, ali na lisboeta Avenida de Roma.