Em vez de
insistir nas notícias sobre as eventuais irregularidades na distribuição das
vacinas, ou sobre a falta de computadores portáteis nas escolas ou, ainda,
sobre os resultados do futebol no dia anterior, o jornal Público destaca as especiarias na primeira página da sua
edição de hoje. Num tempo de uma enorme especulação jornalística, quando não de
descaradas e desonestas mentiras numa competição pelo sensacionalismo e de luta pelas
audiências, trata-se de uma boa opção editorial daquele diário, até
porque todos começamos a ficar cansados de ouvir tantos irresponsáveis que nos
entram em casa através das televisões e de ver manchetes de jornais que nos querem fazer crer que tudo corre mal no país, o que não é verdade.
A imagem da capa
do jornal Público recorda-nos os cinco sentidos de que o ser humano
dispõe, que lhe facilitam o convívio com o ambiente que o rodeia – visão,
audição, olfato, paladar e tacto – permitindo-lhe a captação de imagens,
sons, sabores, odores e formas.
Assim, um bailado
desperta-nos a visão, a música
alimenta-nos a audição e um perfume
estimula-nos o olfato, enquanto as
especiarias nos entusiasmam não só com a diversidade das suas cores e com a
intensidade dos seus odores mas, sobretudo, porque são um estímulo
incontornável para o paladar.
Em tempos de
pandemia e de confinamento, a activação dos nossos sentidos é uma necessidade
para a manutenção de uma saudável forma física e mental, não só para resistir
aos efeitos da crise pandémica, mas também para evitar os efeitos perniciosos
das distorções da comunicação social e de muitos dos seus agentes. Por isso,
hoje vou exercitar o meu paladar e vou recorrer ao take away, procurando consolar-me na ementa do Delhi Darbar, ali na
lisboeta Avenida de Roma.
Esperemos que a audição e a visão recuperem o mais depressa possível a cotação, que tem descido nestes tempos, na bolsa da nossa saúde mental
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