sábado, 23 de setembro de 2017

Os Antónios de Lisboa a brilhar na ONU

António Guterres e António Costa encontraram-se na sede das Nações Unidas durante o debate geral da 72ª sessão anual da Assembleia Geral que se iniciou no passado dia 19 de Setembro e o Diário de Notícias publicou na sua primeira página a fotografia destes dois políticos portugueses, ambos naturais de Lisboa e ambos com o mesmo nome.
António Costa é o Primeiro-ministro de Portugal desde o dia 26 de Novembro de 2015 e António Guterres é o Secretário-geral das Nações Unidas desde o dia 1 de Janeiro de 2017.
São ambos militantes do Partido Socialista desde há muitos anos e, entre 1995 e 2002, ambos participaram no XIII e no XIV Governos Constitucionais de Portugal que foram pesididos por António Guterres. Tal como sucede com todos os políticos, uns gostam e outros não gostam deles, embora ambos sejam credores do respeito dos seus concidadãos pelos serviços que já prestaram à democracia e ao serviço público em diversos cargos e funções nacionais e internacionais.
Os seus discursos nas Nações Unidas impressionaram e deixaram marcas. António Guterres apelou à paz, ao apoio aos refugiados e à negociação política como forma de resolução dos conflitos que preocupam o mundo. António Costa cumpriu com a tradicional reivindicação portuguesa junto das Nações Unidas, isto é, que o português seja declarado como uma das suas línguas oficiais e que o Brasil e a Índia tenham assento permanente no seu Conselho de Segurança.
A fotografia publicada pelo Diário de Notícias tem, por isso, um significado histórico para os portugueses porque regista o primeiro encontro de um Secretário-geral das Nações Unidas português com um Primeiro-ministro português. 

May recua e já pede adiamento do Brexit

Theresa May discursou ontem em Florença para anunciar aos seus ainda parceiros europeus os pontos de vista britânicos sobre o Brexit que deverá concretizar-se até ao dia 29 de Março de 2019, isto é, dois anos depois de ter sido accionado o famoso artigo 50 do Tratado de Lisboa que prevê de forma explícita a possibilidade de qualquer Estado-membro sair de forma voluntária e unilateral da União Europeia.
Portanto, nesse dia o Reino Unido deixará de ser membro da União Europeia.
Porém, as negociações não estão a ser fáceis e Theresa May deixou muitas coisas por esclarecer no seu discurso, embora tivesse sido clara num ponto: o Reino Unido precisa de um acordo comercial que permita que as empresas britânicas se adaptem às realidades dos seus novos mercados alternativos ao mercado único. Significa, portanto, que Theresa May recuou e pediu uma pausa de dois anos no Brexit, como titula The Guardian. O problema e as dificuldades são enormes, porque não é nada fácil retirar o Reino Unido da União Europeia e, simultaneamente, permitir-lhe que permaneça no mercado único e na União Aduaneira, aceitando também que os britânicos que residem por essa Europa fora mantenham o estatuto comunitário e não passem a ser estrangeiros.
O discurso de May também esclareceu muito pouco, quer em relação a outros aspectos da negociação do Brexit, quer em relação à natureza do futuro relacionamento britânico com a União Europeia.
Relativamente ao Brexit, aceitou que o Reino Unido deva pagar uma indemnização à União Europeia devido a compromissos assumidos no passado, mas a dúvida permanece quanto ao futuro dos três milhões de europeus que vivem e trabalham no Reino Unido. Quanto ao futuro pós-Brexit, Theresa May sublinhou a vontade britânica em manter uma cooperação muito próxima com a União Europeia nas áreas da segurança interna e da política externa e da defesa, pois reconhece que britânicos e europeus enfrentam ameaças comuns, como o terrorismo e a instabilidade geopolítica nas regiões fronteiras da Europa.
A resolução desta complexa equação é muito difícil e há cada vez mais gente a duvidar quanto à exequabilidade deste divórcio, até porque no referendo de Junho de 2016 o Brexit ganhou apenas com 51,89%, enquanto a Escócia e a Irlanda do Norte votaram contra, o que significa que também existe uma grande dificuldade política interna. E há as fronteiras com a Irlanda e com a Espanha em Gibraltar...