Theresa May
discursou ontem em Florença para anunciar aos seus ainda parceiros europeus os
pontos de vista britânicos sobre o Brexit que deverá concretizar-se até ao dia
29 de Março de 2019, isto é, dois anos depois de ter sido accionado o famoso
artigo 50 do Tratado de Lisboa que prevê de forma explícita a possibilidade de
qualquer Estado-membro sair de forma voluntária e unilateral da União Europeia.
Portanto, nesse
dia o Reino Unido deixará de ser membro da União Europeia.
Porém, as
negociações não estão a ser fáceis e Theresa May deixou muitas coisas por
esclarecer no seu discurso, embora tivesse sido clara num ponto: o Reino Unido
precisa de um acordo comercial que permita que as empresas britânicas se adaptem
às realidades dos seus novos mercados alternativos ao mercado único. Significa,
portanto, que Theresa May recuou e pediu uma pausa de dois anos no Brexit, como
titula The Guardian. O problema e as dificuldades são enormes, porque não
é nada fácil retirar o Reino Unido da União Europeia e, simultaneamente, permitir-lhe que permaneça no mercado único e na União Aduaneira, aceitando também que os britânicos que residem por essa Europa fora mantenham o estatuto comunitário e não passem a ser estrangeiros.
O discurso de May também esclareceu muito pouco, quer em relação a outros
aspectos da negociação do Brexit, quer em relação à natureza do futuro
relacionamento britânico com a União Europeia.
Relativamente ao
Brexit, aceitou que o Reino Unido deva pagar uma indemnização à União Europeia
devido a compromissos assumidos no passado, mas a dúvida permanece quanto ao
futuro dos três milhões de europeus que vivem e trabalham no Reino Unido.
Quanto ao futuro pós-Brexit, Theresa May sublinhou
a vontade britânica em manter uma cooperação muito próxima com a União Europeia
nas áreas da segurança interna e da política externa e da defesa, pois
reconhece que britânicos e europeus enfrentam ameaças comuns, como o terrorismo
e a instabilidade geopolítica nas regiões fronteiras da Europa.
A resolução desta
complexa equação é muito difícil e há cada vez mais gente a duvidar quanto à
exequabilidade deste divórcio, até porque no referendo de Junho de 2016 o Brexit ganhou
apenas com 51,89%, enquanto a Escócia e a Irlanda do Norte votaram contra, o
que significa que também existe uma grande dificuldade política interna. E há as fronteiras com a Irlanda e com a Espanha em Gibraltar...
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