domingo, 24 de julho de 2022

O rio Tejo e as alterações climáticas

Na sua mais recente edição, o semanário Nascer do Sol dedica uma grande reportagem ao rio Tejo que está a ser vítima da seca severa que afecta toda a península Ibérica e que, naturalmente, é uma consequência das alterações climáticas que estão a modificar o modo de vida no nosso planeta. O jornal escolheu para título de primeira página que o “Tejo já se atravessa a pé em Santarém”, acrescentando que há “pescadores sem peixe, agricultores sem água, barqueiros que são obrigados a alterar trajectos e atletas de canoagem que precisam de fugir às pedras”. Aparentemente o caudal do rio nunca foi tão baixo e há zonas em que parece ser possível atravessá-lo a pé. Porém, um velho habitante da margem do rio disse ao citado jornal que “o rio sempre esteve assim”, acrescentando que “há anos que isto acontece, não é novidade nenhuma”. Ao ler-se este título e esta notícia fica-se na dúvida sobre a real situação do rio Tejo e sobre o rigor desta informação, pois parece ser demasiado sensacionalista. 
O facto é que as ondas de calor dos últimos meses têm provocado graves danos económicos e ambientais por todo o território nacional, em que se destacam a vaga de incêndios florestais, a falta de água nos rios, os problemas no regadio e a diminuição da produção de energia hidroeléctrica.
Das suas cinco barragens, o rio Tejo tem duas em Portugal (Fratel e Belver), mas suspeita-se que o caudal na parte portuguesa do rio esteja a ser cortado algures em Espanha, o que é um problema sério que carece da atenção das autoridades ibéricas.
Com uma extensão de cerca de mil quilómetros, o rio Tejo é o maior rio da península e a sua bacia hidrográfica tem cerca de 80 mil quilómetros quadrados, o que significa que é quase do tamanho de Portugal. Para além dos seus aspectos económicos e ambientais, o rio Tejo é também uma memória histórica e cultural para os portugueses e para os seus poetas. 
A pensar na gesta da expansão marítima portuguesa, Fernando Pessoa escreveu que “pelo Tejo vai-se para o mundo”, enquanto Luís de Camões pediu inspiração às tágides, ou ninfas do rio Tejo, para compor a sua obra Os Lusíadas.
Portanto, cuidemos do rio Tejo!