Na sua mais
recente edição, o semanário Nascer do Sol dedica uma grande
reportagem ao rio Tejo que está a ser vítima da seca severa que afecta toda a península Ibérica e que, naturalmente, é uma consequência das
alterações climáticas que estão a modificar o modo de vida no nosso planeta. O
jornal escolheu para título de primeira página que o “Tejo já se atravessa a pé
em Santarém”, acrescentando que há “pescadores sem peixe, agricultores sem
água, barqueiros que são obrigados a alterar trajectos e atletas de canoagem
que precisam de fugir às pedras”. Aparentemente o caudal do rio nunca foi tão
baixo e há zonas em que parece ser possível atravessá-lo a pé. Porém, um velho habitante
da margem do rio disse ao citado jornal que “o rio sempre esteve assim”, acrescentando
que “há anos que isto acontece, não é novidade nenhuma”. Ao ler-se este título e esta notícia fica-se na dúvida
sobre a real situação do rio Tejo e sobre o rigor desta informação, pois parece ser demasiado sensacionalista.
O facto é que as ondas de calor dos últimos meses têm provocado graves danos
económicos e ambientais por todo o território nacional, em que se destacam a
vaga de incêndios florestais, a falta de água nos rios, os problemas no regadio e a
diminuição da produção de energia hidroeléctrica.
Das suas cinco
barragens, o rio Tejo tem duas em Portugal (Fratel e Belver), mas suspeita-se que o caudal na
parte portuguesa do rio esteja a ser cortado algures em Espanha, o que é um problema sério que carece da atenção das autoridades ibéricas.
Com uma extensão
de cerca de mil quilómetros, o rio Tejo é o maior rio da península e a sua
bacia hidrográfica tem cerca de 80 mil quilómetros quadrados, o que significa
que é quase do tamanho de Portugal. Para além dos seus aspectos económicos e
ambientais, o rio Tejo é também uma memória histórica e cultural para os portugueses e
para os seus poetas.
A pensar na gesta da expansão marítima portuguesa, Fernando
Pessoa escreveu que “pelo Tejo vai-se para o mundo”, enquanto Luís de Camões
pediu inspiração às tágides, ou
ninfas do rio Tejo, para compor a sua obra Os
Lusíadas.
Portanto, cuidemos do rio Tejo!