segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Maduro e a farsa eleitoral venezuelana

A Venezuela é um país onde vivem cerca de meio milhão de portugueses e luso-descendentes e, por isso, o que se passa no país governado por Nicolás Maduro é um tema importante para Portugal. 
Ontem decorreram as eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela que elegeram os 277 deputados, cujo mandato decorrerá de 5 de Janeiro de 2021 a 5 de Janeiro de 2026, mas as eleições foram muito contestadas, tanto interna como internacionalmente. 
A generalidade da oposição decidiu-se por um boicote que deu origem a uma grande abstenção e, dessa forma, o chavismo de Nicolás Maduro ganhou nas urnas, mas de uma forma duvidosa e nada convincente. De um total de cerca de 20,7 milhões de eleitores inscritos terão votado apenas 5.264.104. Segundo os dados fornecidos pelo Consejo Nacional Electoral a participação eleitoral foi da ordem dos 30%, tendo o Gran Polo Patriótico Simón Bolivar (GPP), uma coligação chavista que inclui o Partido Socialista Unido de Venezuela (Psuv), obtido 3.558.320 votos e conseguido eleger 177 deputados. 
A recusa da oposição e dos seus principais líderes em participar nas eleições, bem como as suspeitas de fraude eleitoral desacreditam os resultados anunciados, mas também nada abonam a favor dos que desistiram das eleições sem lutar, inclusive para denunciar o regime chavista que, dessa forma e no meio de uma gigantesca crise económica e social, passa a dominar a Assembleia Nacional. 
A partir de Janeiro, Nicolás Maduro tem todos os poderes políticos na Venezuela, numa altura em que os Estados Unidos passarão a ter Joe Biden na Casa Branca. Abre-se, então, uma oportunidade para o Diálogo, para a Democracia e para o Progresso, mas para tal é necessário que os líderes da oposição venezuelana, como os Capriles, os Guaidós e outros, se mostrem capazes do desafio de enfrentar o ditador, sem alinhar, como têm feito até agora, na acção radical de Donald Trump e do seu radicalismo contra mexicanos, venezuelanos e outros sul-americanos. Por alguma razão, nem o aparelho judicial nem os militares acreditam nesta oposição venezuelana que se encostou a Trump, mas agora surge uma nova oportunidade.