A Venezuela é um
país onde vivem cerca de meio milhão de portugueses e luso-descendentes e, por
isso, o que se passa no país governado por Nicolás Maduro é um tema importante
para Portugal.
Ontem decorreram as
eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela que elegeram os 277 deputados,
cujo mandato decorrerá de 5 de Janeiro de 2021 a 5 de Janeiro de 2026, mas as
eleições foram muito contestadas, tanto interna como internacionalmente.
A generalidade
da oposição decidiu-se por um boicote que deu origem a uma grande abstenção e,
dessa forma, o chavismo de Nicolás Maduro ganhou nas urnas, mas de uma forma duvidosa
e nada convincente. De um total de cerca de 20,7 milhões de eleitores inscritos
terão votado apenas 5.264.104. Segundo os dados fornecidos pelo Consejo
Nacional Electoral a participação eleitoral foi da ordem dos 30%, tendo o Gran
Polo Patriótico Simón Bolivar (GPP), uma coligação chavista que inclui o
Partido Socialista Unido de Venezuela (Psuv), obtido 3.558.320 votos e conseguido
eleger 177 deputados.
A recusa da
oposição e dos seus principais líderes em participar nas eleições, bem como as
suspeitas de fraude eleitoral desacreditam os resultados anunciados, mas também
nada abonam a favor dos que desistiram das eleições sem lutar, inclusive para
denunciar o regime chavista que, dessa forma e no meio de uma gigantesca crise
económica e social, passa a dominar a Assembleia Nacional.
A partir de
Janeiro, Nicolás Maduro tem todos os poderes políticos na Venezuela, numa
altura em que os Estados Unidos passarão a ter Joe Biden na Casa Branca. Abre-se,
então, uma oportunidade para o Diálogo, para a Democracia e para o Progresso,
mas para tal é necessário que os líderes da oposição venezuelana, como os
Capriles, os Guaidós e outros, se mostrem capazes do desafio de enfrentar o
ditador, sem alinhar, como têm feito até agora, na acção radical de Donald
Trump e do seu radicalismo contra mexicanos, venezuelanos e outros sul-americanos.
Por alguma razão, nem o aparelho judicial nem os militares acreditam nesta
oposição venezuelana que se encostou a Trump, mas agora surge uma nova
oportunidade.
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