A comunicação foi
sempre o suporte da vida em sociedade ao permitir a circulação das ideias e das
notícias, mas esse processo tem sido sempre evolutivo. Desde a comunicação
interpessoal de base oral das sociedades primitivas foi percorrido um longo
percurso que, em meados do século XX, chegou à comunicação de massas em que a
informação se expande instantaneamente e à escala global. Os meios de
comunicação de massas adaptaram-se às realidades e definiram os seus territórios,
isto é, “a Rádio anuncia, a Televisão mostra e a Imprensa explica e comenta”.
Porém, nos últimos tempos o mundo mudou, sobretudo devido ao aparecimento da
internet, dos jornais digitais e das redes sociais. Os meios de comunicação
tradicionais entraram em situação de dificuldade económica, sem leitores, sem
anunciantes e sem jornalistas qualificados.
Foi então que, em maior ou menor
grau, os interesses dos grupos económicos e dos agentes políticos tomaram conta
dos meios de comunicação, que passaram a prestar-se a toda a espécie de manipulação
dos ouvintes, dos telespectadores e dos leitores, que também são eleitores e
consumidores. Os escândalos e o sensacionalismo passaram a encher os
noticiários televisivos e as primeiras páginas dos jornais, moldando a
percepção que os leitores ou os telespectadores têm da realidade, dizendo ou
omitindo o que querem e manipulando a verdade em nome dos seus interesses. As verdadeiras
notícias tendem a misturar-se com os discursos ideológicos, as mensagens
publicitárias e a acção política, sobretudo o ataque aos adversários políticos.
São os chamados pasquins mas, para nosso sossego, ainda
havia os jornais de referência...
Estas
considerações resultam do facto dos principais jornais portugueses terem
aparecido hoje nas bancas com um visual diferente do habitual, que quase
confundia os leitores. Todos eles adoptaram o vermelho nas suas primeiras
páginas e utilizaram a frase publicitária “A Fibra de Última Geração Vodafone
está a mudar o país”, como se fosse uma notícia. Chamando a atenção e suscitando o interesse.
Significa que,
por motivos de ordem económica os jornais se prestaram a esse serviço
publicitário à marca Vodafone, quase se confundindo com os folhetos
publicitários do Pingo Doce, do Continente ou do Lidl. É caso para perguntar a que outros serviços se prestam e a quem os prestam.