sexta-feira, 2 de maio de 2025

Apesar de tudo, as touradas resistem...

A península Ibérica é uma região geográfica que integra dois países, várias regiões autónomas sob soberania espanhola e é composta por diferentes realidades culturais, bem visíveis em todos os domínios, incluindo a língua que é habitualmente considerada como o elemento mais importante na definição das identidades.
O território ibérico foi habitado por muitos povos bárbaros como os alanos e os suevos, os francos e os gregos, os romanos e os árabes, todos eles deixando marcas culturais nas regiões por onde passaram ou ocuparam, de que resultou uma enorme diversidade cultural nas diferentes regiões peninsulares. Daí que a Espanha, mas também Portugal, conservem costumes e tradições com fortes raízes históricas, algumas delas com o estatuto de patrimónios imateriais da Humanidade, como acontece em Espanha com a Semana Santa de Sevilha, as Fiestas de San Fermin em Pamplona, a Feria de Abril de Sevilha, as Fallas de Valencia, a Tomatina de Buñol, ou o Flamenco da Andaluzia, ou em Portugal, com as Festas da Senhora da Agonia, a Festa dos Tabuleiros, o Cante Alentejano, ou as Festas Sanjoaninas de Angra do Heroísmo. Porém, em maior ou menor grau, um outro símbolo do interesse cultural ibérico são as touradas, que têm resistido â pressão dos movimentos e dos partidos que defendem os direitos dos animais.
Na sua edição de hoje, a edição de Sevilha do diário ABC destaca a abertura da época taurina em Espanha e a figura do famoso matador e ídolo da afición que é José António Morante Camacho, conhecido nas tertúlias tauromáquicas como Morante de la Puebla, o rei dos toureiros.
Apesar de todos os movimentos contra as touradas e em defesa dos animais, a fiesta brava continua a entusiasmar os espanhóis e a merecer destaque na imprensa, embora a festa brava em Portugal seja cada vez mais marginalizada e já não tenha espaço nos jornais nem na televisão.

Os 100 dias que já abalaram o mundo

Donald John Trump, o 47º presidente dos Estados Unidos, completou os primeiros cem dias do seu mandato e, um pouco por todo o mundo, fizeram-se balanços sobre as consequências internas e externas das suas decisões. Estas são de tal forma destabilizadoras da ordem mundial que se diz terem sido ”100 dias que abalaram o mundo”, a lembrar o famoso livro de John Reed sobre a revolução russa de 1917 e o fim dos czares, a que deu o título de “Os dez dias que abalaram o mundo”.
Donald Trump está a criar o caos no mundo, ao questionar alianças militares, ao negar acordos e práticas comerciais consolidadas e ao alimentar confrontos e incertezas. Depois de ter prometido acabar com a guerra da Ucrânia em 24 horas e de ter alinhado com as posições russas e contrariado as posições europeias, tem alternado declarações que no essencial desvalorizam e até humilham os dirigentes europeus. As suas declarações quanto à Gronelândia e ao Canadá são demasiado agressivas e mostram como são enviesadas as suas noções sobre soberania nacional, enquanto as suas deportações em massa demonstram como são erradas as suas ideias sobre direitos humanos.
A aliança euro-atlântica construída desde a primeira Guerra Mundial está em risco e com ela o equilíbrio em que se tem baseado a vida de dois continentes e até do mundo.
Nos Estados Unidos, cuja população se entusiasmou com o Make America Great Again e lhe deu o seu voto, o protesto para travar Donald Trump já começou por todo o país, porque a economia desacelerou, o desemprego e o custo de vida aumentaram e os mercados financeiros caíram. Mesmo os trumpistas não terão imaginado que se pudesse ir tão longe na destabilização da ordem mundial. 
A situação é complexa e ainda não se vê a luz ao fundo do túnel do desanuviamento das relações euro-atlânticas que o Donald John Trump tem incendiado.