sexta-feira, 26 de março de 2021

O pânico e o desespero em Cabo Delgado

De vez em quando chegam-nos notícias de Cabo Delgado, a província mais setentrional de Moçambique, onde desde há cerca de três anos se movimentam forças insurgentes ligadas ao grupo jihadista Estado Islâmico, com o aparente objectivo de estabelecer um califado na região costeira daquela província. Estima-se que já terão morrido cerca de 2.600 pessoas e que haverá cerca de 700 mil deslocados que fogem à violência e que estão sob uma grave crise humanitária já denunciada pelas Nações Unidas.
Depois de vários ataques a Mocímboa da Praia, foi agora a vez de ter sido atacada a vila de Palma que se situa na baía de Tungué, não se sabendo ainda os resultados dessa acção, pois estão cortadas as comunicações. O jornal O País escreve hoje que “os terroristas voltam a deixar pânico e desespero em Palma”.
Na península de Afungi que se situa as proximidades de Palma, a petrolífera francesa Total está a construir um complexo industrial que é o maior investimento multinacional privado do continente africano e que se destina à exploração do gás natural naquela região marítima conhecida por bacia do Rovuma, o que pode levar a uma intervenção estrangeira em apoio do governo de Moçambique e de protecção do complexo industrial em construção. Entretanto, um comunicado do Ministério da Defesa moçambicano anunciou que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) “estão a perseguir o inimigo e apelam à população para se manter vigilante e serena”.
Palma, baía de Tungué e cabo Afungi, tal como bacia do Rovuma, ilhas Tekomagi e Rongui e farol de Cabo Delgado que os portugueses construíram em 1931, são nomes que nos foram familiares há muitos anos e cuja visão permanece na nossa mente, pelo que não somos indiferentes ao desespero daquelas populações.