De vez em quando
chegam-nos notícias de Cabo Delgado, a província mais setentrional de
Moçambique, onde desde há cerca de três anos se movimentam forças insurgentes
ligadas ao grupo jihadista Estado Islâmico, com o aparente objectivo de
estabelecer um califado na região costeira daquela província. Estima-se que já
terão morrido cerca de 2.600 pessoas e que haverá cerca de 700 mil deslocados
que fogem à violência e que estão sob uma grave crise humanitária já denunciada
pelas Nações Unidas.
Depois de vários
ataques a Mocímboa da Praia, foi agora a vez de ter sido atacada a vila de
Palma que se situa na baía de Tungué, não se sabendo ainda os resultados dessa
acção, pois estão cortadas as comunicações. O jornal O País escreve hoje que “os
terroristas voltam a deixar pânico e desespero em Palma”.
Na península de
Afungi que se situa as proximidades de Palma, a petrolífera francesa Total está
a construir um complexo industrial que é o maior investimento multinacional
privado do continente africano e que se destina à exploração do gás natural naquela
região marítima conhecida por bacia do Rovuma, o que pode levar a uma
intervenção estrangeira em apoio do governo de Moçambique e de protecção do
complexo industrial em construção. Entretanto, um comunicado do Ministério da
Defesa moçambicano anunciou que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) “estão a
perseguir o inimigo e apelam à população para se manter vigilante e serena”.
Palma, baía de
Tungué e cabo Afungi, tal como bacia do Rovuma, ilhas Tekomagi e Rongui e farol de Cabo Delgado que os portugueses construíram em 1931, são nomes que nos
foram familiares há muitos anos e cuja visão permanece na nossa mente, pelo que
não somos indiferentes ao desespero daquelas populações.
Desesperante a situação em Cabo Delgado em vários aspectos, uma população a viver em precárias condições sanitárias, aterrorizada e com fome ... e não parece que a comunidade internacional esteja muito interessada em resolver a situação.
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