sábado, 14 de dezembro de 2019

A vitória de Boris, o Brexit e o futuro


Boris Johnson ganhou as eleições britânicas com uma larga maioria e, ao contrário do que sucedeu com David Cameron ou Theresa May, seus antecessores como primeiros-ministros do Reino Unido, ele não vai precisar de alianças para governar, até porque não se espera que os deputados agora eleitos pelo seu Partido Conservador venham a desafinar depois desta vitória. 
Por consequência, todas as portas que conduzem à concretização do Brexit estão abertas de uma forma inequívoca e agora só há que esperar para ver até onde vão o voluntarismo e as promessas de Boris Johnson que só teve 43,6% dos votos, mas beneficiou do sistema eleitoral britânico, das hesitações do seu adversário principal que se ficou pelos 32,2%, do cansaço dos eleitores e do seu marketing que até o levou a votar acompanhado pelo cão que, num gesto ensaiado, beijou para que as câmaras fotográficas registassem o momento e que essa fotografia fosse depois publicada por alguns jornais como fez o The Times
Boris Johnson revelou-se, portanto, um verdadeiro artista a ganhar eleições, embora haja dúvidas quanto à sua aptidão para desempenhar o cargo de primeiro-ministro, embora provavelmente venha a ficar na história do Reino Unido ao lado de Winston Churchill e de Margaret Thatcher. O Brexit tem agora uma legitimidade que antes não tinha para ser concretizado, mas o seu processo vai ser muito turbulento, não só pela divisão entre os que querem a saída com ou sem acordo mas, sobretudo, pela séria ameaça de fragmentação que paira sobre o Reino Unido. A clara vitória de Boris Johnson teve, paralelamente, uma clara vitória de Nicola Sturgeon que, de imediato, declarou que a Escócia não quer o Boris, nem o Brexit. Portanto, apesar do sinal político que os britânicos deram quanto ao seu futuro, é bem possível que a novela do Brexit ainda esteja longe do fim.