Entre os principais
problemas portugueses estão as assimetrias regionais que continuam a
agravar-se, embora também haja casos em que houve uma real inversão dessa
situação devido à localização de novas actividades criadoras de emprego, mas
também por fixação de polos universitários e politécnicos que atraíram
estudantes ou, até, por alterações da base económica das regiões.
Para o agravamento
das assimetrias regionais e para a desertificação de muitas regiões do interior,
têm contribuido duas instituições – CGD e CTT – que parecem viver numa indiferença
pela coesão territorial e praticam uma lógica empresarial de rentabilidade
financeira e se alheiam da rentabilidade social. Ora, na perspectiva das
modernas sociedades democráticas, as actividades empresariais, públicas ou
privadas, devem regular-se tanto rentabilidade financeira como pela
rentabilidade social. Esse tem que ser um imperativo de todos, porque só faz
sentido haver empresas quando satisfazem uma necessidade e quando servem as
populações, o que não parece ser a atitude da CGD e dos CTT, que apenas querem
ganhar dinheiro. Acontece que, segundo hoje divulgou o Jornal de Notícias, no
ano de 2018 a
CGD fechou 65 das suas agências bancárias, enquanto no mesmo ano os CTT
encerraram 70 estações dos correios. Daí resultou que, pelo menos em 12
concelhos, tanto a CGD como os CTT deixaram de existir, havendo 33 concelhos
onde já não existe qualquer estação dos correios.
Assim, podem ser
gastos milhões na construção de infraestruturas ou no apoio às iniciativas
empresariais, mas na primeira linha do abandono, do desinteresse e da
indiferença pela coesão territorial estão as políticas da CGD e dos CTT, que afectam directamente as necessidades das populações. Parece que todos se esquecem do artigo 66º da Constituição que diz que incumbe ao Estado "ordenar e promover o desenvolvimento do território, tendo em vista uma correcta localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento socioeconómico e paisagens biologicamente equilibradas".