O Terreiro do Paço é um dos mais simbólicos locais da cidade de Lisboa, pela sua riquíssima história, mas também pela sua arquitectura, pela sua estética e pela sua ligação ao Tejo e à memória marítima portuguesa.
Durante muitos anos a enorme praça serviu de parque de automóveis e, ocasionalmente, de palco de cerimónias militares, de concertos musicais e de manifestações populares ou, ainda, de sala de recepção a visitantes ilustres, enquanto nos edifícios circundantes se arrumavam ministérios e repartições públicas.
Porém, ano após ano, o Terreiro do Paço tem vindo a transformar-se num grande pólo de animação cultural e, cada vez mais, simboliza a relação da cidade com o rio, atraindo visitantes que frequentam as suas esplanadas, restaurantes, lojas turísticas e espaços culturais e que, no Cais das Colunas ou na Ribeira das Naus, podem desfrutar da habitual serenidade do rio Tejo e observar o tráfego fluvial e a “outra banda”. No entanto, nesta praça que é um ex-libris da cidade de Lisboa, continua a ser habitual a permanência prolongada de viaturas oficiais, quase sempre Audis e Mercedes, com os seus engravatados motoristas em espera. Podiam esperar noutro local e ser chamados quando necessário. Mas não. Plantam-se ali com os seus carros topo de gama em verdadeira pose de novos ricos e, objectivamente, a poluir a paisagem cultural do Terreiro do Paço. Desafiam todas as regras, incluindo as do bom senso. É um caso de mau gosto e de exibicionismo que ofende os contribuintes. Os turistas que por ali passam, percebem a situação e hão-de admirar-se perante esta objectiva exibição de sub-desenvolvimento lusitano.