sexta-feira, 18 de maio de 2018

Angola e Portugal voltam a conversar

As condições meteorológicas estiveram desfavoráveis com muito vento e com o mar um pouco encrespado, mas o temporal parece que já lá vai e, de acordo com a edição de hoje do Jornal de Angola, está confirmada uma visita oficial a Angola do primeiro-ministro português António Costa, ao mesmo tempo que se anuncia a renovação de um acordo militar entre Portugal e Angola.
Ninguém desconhece que as relações entre os dois países são muito fortes, tanto no plano histórico, como no plano cultural. Esses planos são dois parâmetros essenciais das relações luso-angolanas e os políticos de ambos os lados não podem ignorá-los sob a pressão de assuntos menores ou de interesses conjunturais. Há milhares de angolanos a viver em Portugal e há milhares de portugueses a viver em Angola. Num lado ou no outro, ambos se sentem bem e ambos se sentem em casa. E há, ainda, aqueles portugueses que gostam de Angola e aqueles angolanos que gostam de Portugal.
O encontro do presidente João Lourenço com o primeiro-ministro António Costa pode ser, e espera-se que seja, o recomeço de uma relação sustentada entre os dois países, que vá para além do interesse económico, da afinidade política ou das circunstâncias da conjuntura, mas que seja uma relação cada vez mais fortalecida pela língua comum e pelo intercâmbio cultural intenso e com dois sentidos, por exemplo no desporto, na música e nas artes em geral.
É com natural satisfação que aqui se salienta este reencontro entre os dois países, através do encontro de João Lourenço com António Costa, agora em Luanda e, proximamente, em Lisboa.

Lula da Silva já anunciou candidatura

Desde o dia 7 de Abril que o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se encontra numa prisão de Curitiba, por ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato.
O assunto diz respeito aos brasileiros e ao seu sistema de Justiça, não sendo um tema para ser tratado por estrangeiros que não conhecem a realidade brasileira. Porém, é interessante saber que numa sondagem feita entre os dias 9 e 12 de Maio, se verificou que 51% dos entrevistados considera justa a prisão de Lula, mas que 38,8% consideram a detenção do ex-presidente como injusta. Outra curiosidade da sondagem é o grau de confiança dos brasileiros na sua Justiça, pois 52,8% consideram-na pouco confiável, há 36,5% que a consideram nada confiável e apenas 6,4% a considera muito confiável. Outra curiosidade, ainda, é o facto de 49,9% dos entrevistados entender que Lula da Silva não conseguirá disputa as eleições presidenciais deste ano, enquanto 40,8% entende que ele irá mesmo disputar as eleições. Temos, portanto, um Brasil muito dividido.
Neste contexto, aconteceu ontem um facto relevante, quando o jornal Le Monde, cuja seriedade, reputação e prestígio internacionais são inequívocos, abriu as suas portas a um texto do antigo presidente brasileiro e publica a sua fotografia em primeira página. Nesse texto, Lula da Silva reitera a sua intenção de se candidatar às próximas eleições presidenciais, onde continua a liderar as preferências dos brasileiros, afirmando que a sua prisão, tal como o impeachment de Dilma Rousseff, fazem parte de um plano para afastar do poder o seu partido.
Disse: “Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de Outubro, porque não cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento, em benefício do nosso povo” e acrescentou que “diante do desastre que se abate sobre o povo brasileiro, a minha candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, do diálogo democrático, da soberania nacional e do crescimento económico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos".
A história do triplex do Guarujá está mal contada, a candidatura de Lula está anunciada e apoio do Le Monde é de peso. Veremos se avança ou se tropeça nas artimanhas e nas entre-curvas da Justiça brasileira.