domingo, 4 de dezembro de 2011

Neste Natal, ofereça o que é nacional

O Licor Beirão lançou uma nova campanha publicitária protagonizada por duas caricaturas que representam o presidente francês e a chanceler alemã, às quais é oferecida uma garrafa do famoso licor produzido na serra da Lousã, como presente de Natal.
Os anúncios do Licor Beirão são politicamente inofensivos: cada uma das caricaturas sorri com a garrafa que acaba de receber e, colocado de forma bem visível, está um cartão natalício que diz:
"Querido Nicolas/Angela, Portugal está a dar o seu melhor. Boas Festas! ".
O slogan fecha os anúncios com uma frase dirigida aos portugueses, sugerindo-lhes que comprem produtos nacionais: "Neste Natal, ofereça o que é nacional."
A publicidade recorre frequentemente a figuras políticas e, neste caso, aproveitou o momento de grande evidência daqueles líderes para passar duas mensagens que promovem o produto mas que, simultaneamente, contribuem para a aumentar a nossa auto-estima e para estimular a produção nacional.
Este tipo de publicidade tem uma eficácia acrescida porque está em sintonia com o momento actual ao juntar a proximidade do Natal com a crise por que passamos e aproveita a notoriedade de Merkel e Sarkozy nos planos europeu e nacional.
A campanha do Licor Beirão assenta numa excelente ideia criativa e é muito sugestiva, pelo que certamente trará o esperado retorno ao anunciante. Porém, o conselho do anúncio é muito útil ao recomendar que "neste Natal, ofereça o que é nacional."

TAP eleita como a melhor da Europa

A TAP foi distinguida como a melhor companhia aérea europeia, numa eleição organizada pela revista americana Global Traveler, na qual participaram três dezenas de companhias de notoriedade internacional e em que votaram cerca de 36 mil passageiros frequentes e passageiros executivos, que fazem em média 16 viagens internacionais e 16 viagens domésticas por ano.
Este resultado acontece quando o processo de privatização da TAP já estará a avançar, nos termos do Memorando com a troika assinado em 17 de Maio que, no seu ponto 3.31, trata da privatização da TAP e estabelece que esta deve ser feita até ao final de 2011, se as condições do mercado o permitirem.
Porém, esta distinção vem lembrar a utilidade social e a importância estratégica da TAP para a unidade nacional, para a coesão territorial e para a economia portuguesa, mas também que é uma das marcas portuguesas mais conhecidas em todo o mundo.
A TAP emprega directamente cerca de 12 mil pessoas e dá emprego indirecto a alguns milhares; o seu impacto macroeconómico é enorme em termos de rendimento e de emprego, mas também em termos de exportações, pois calcula-se que estas representem cerca de 5% das exportações portuguesas (transporte de passageiros residentes no estrangeiro, carga e correio, serviços de manutenção e de handling, etc.).
A TAP é uma empresa estratégica para assegurar o interesse nacional, desde a defesa à economia, passando pela independência nacional e pela própria ideia de soberania. Apresenta uma rentabilidade social positiva e, desde 1997, apenas recebe do Estado as indemnizações compensatórias que lhe são devidas pelo serviço que assegura com as regiões autónomas, mas esse montante é cinco vezes menor do que aquele que recebe a RTP. Então, privatizar para quê?