domingo, 22 de agosto de 2021

Afeganistão: emendar os erros cometidos

Na sua edição de hoje o centenário jornal canadiano The Globe Mail and Mail destaca a situação no abandonado Afeganistão e afirma que o Canadá e o Ocidente traíram aquele país, o que mostra que o problema afegão continua na primeira página da agenda mundial e que está para durar. A situação afecta os abandonados afegãos que confiaram no poder dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO, mas também está a abalar os governos que não souberam prever o que se iria passar e estão a ser contestados internamente, pela forma irresponsável como agiram e se deixaram humilhar. Hoje torna-se evidente que os americanos que em Doha conduziram as negociações com os Taliban, nomeadamente Zalmay Khalilzad e Mike Pompeo, não sabiam o que estavam a fazer, mas também se torna evidente que as mudanças presidenciais de Trump para Biden não foram feitas com a seriedade necessária. Donald Trump nem sequer compareceu à posse de Joe Biden e esse sinal repercute-se agora com a situação do Afeganistão, que está a servir para acentuar a clivagem entre os democratas e os republicanos americanos.
Está acordado que a retirada dos estrangeiros do Afeganistão deva acontecer até ao próximo dia 31 de Agosto, mas já há muitas vozes a defender que a permanência militar americana se estenda por mais algumas semanas ou até por mais tempo, se for necessário, sobretudo através da utilização de forças especiais aptas a executar operações de resgate. O Afeganistão é um país muito grande com 650 mil km2, quase quarenta milhões de pessoas e não é apenas o aeroporto de Cabul.
Por maior que tenha sido o erro cometido, ainda há margem para emendar o que tenha que ser emendado e o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode ter uma palavra a dizer.