Na sua edição de
hoje o centenário jornal canadiano The Globe Mail and Mail destaca a
situação no abandonado Afeganistão e afirma que o Canadá e o Ocidente traíram
aquele país, o que mostra que o problema afegão continua na primeira página da
agenda mundial e que está para durar. A situação afecta os abandonados afegãos
que confiaram no poder dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO, mas
também está a abalar os governos que não souberam prever o que se iria passar e
estão a ser contestados internamente, pela forma irresponsável como agiram e se
deixaram humilhar. Hoje torna-se evidente que os americanos que em Doha conduziram
as negociações com os Taliban, nomeadamente Zalmay Khalilzad e Mike Pompeo, não
sabiam o que estavam a fazer, mas também se torna evidente que as mudanças
presidenciais de Trump para Biden não foram feitas com a seriedade necessária.
Donald Trump nem sequer compareceu à posse de Joe Biden e esse sinal
repercute-se agora com a situação do Afeganistão, que está a servir para acentuar
a clivagem entre os democratas e os republicanos americanos.
Está acordado que
a retirada dos estrangeiros do Afeganistão deva acontecer até ao próximo dia 31
de Agosto, mas já há muitas vozes a defender que a permanência militar americana
se estenda por mais algumas semanas ou até por mais tempo, se for necessário,
sobretudo através da utilização de forças especiais aptas a executar operações
de resgate. O Afeganistão é um país muito grande com 650 mil km2, quase
quarenta milhões de pessoas e não é apenas o aeroporto de Cabul.
Por maior que
tenha sido o erro cometido, ainda há margem para emendar o que tenha que ser
emendado e o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode ter uma palavra a
dizer.
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