Há cerca de uma
semana publicamos aqui uma informação relativa à aprovação do Plano de
Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, destinado a proteger o
conjunto de edifícios e espaços urbanos macaenses que está classificado e inscrito na World Heritage List da Unesco. Esse
plano tinha como principal objectivo a limitação de construções que possam
afectar os “corredores visuais” entre o centro histórico e a paisagem marítima,
dando uma maior importância ao farol da Guia, construído em 1865 no interior da
fortaleza da Guia e que é o mais antigo farol da costa chinesa. Acontece que no ano de 2008, o governo de Macau com o apoio da Unesco, decidiu que um edifício a
construir na calçada do Gaio, nas proximidades do farol, deveria ter 52,5
metros de altura, mas o facto é que atingiu 81 metros de altura, afectando os
“corredores visuais” estabelecidos e atropelando as decisões do próprio governo.
O Grupo para a
Salvaguarda do Farol da Guia está desapontado com a situação e tratou de
reclamar junto do governo de Macau por ter cedido a interesses imobiliários e
não ter cumprido a promessa de reduzir a altura do referido edifício inacabado.
Além disso, aquele Grupo também repudia a atitude da própria Unesco, que tem
negado o acesso aos relatórios de avaliação técnica que tem produzido e que
envia para o governo sem lhes dar qualquer publicidade, parecendo mais apostada em manter boa relação com as autoridades macaenses do que na efectiva defesa do património.
Todos os jornais de língua portuguesa de Macau, designadamente o jornal Tribuna de Macau,
conhecido pela sua sigla jtm, apoiam as teses do Grupo para a
Salvaguarda do Farol da Guia, defendem a preservação simbólica do farol e publicam a
sua fotografia com destaque de primeira página, alertando para o facto do belo farol da Guia
correr sérios riscos de ficar “submerso” no mar de arranha-céus macaense.
A ser assim, a
memória histórica portuguesa em Macau, que o tempo vai apagando lentamente, iria tornar-se ainda mais ténue.