Desde 1927 que a
revista TIME escolhe a Personalidade
do Ano e, numa atitude de auto-promoção, a própria revista afirma que, para
o melhor ou para o pior, esta escolha influencia o mundo. É um exagero
publicitário, até porque no fim do ano se fazem inúmeras escolhas deste tipo
sem que alterem o curso da Humanidade. No entanto, esta escolha é uma
curiosidade que se repete há 89 anos e que desperta o interesse das pessoas. A
escolha deste ano recaiu em Angela Merkel, na linha do que aconteceu com a
revista Forbes que a classificou como
a segunda pessoa mais poderosa do mundo, numa lista em que, à cabeça, surgem
sempre Vladimir Putin, Barack Obama, Xi Jinping e o Papa Francisco.
De acordo com os
critérios da popular revista americana, a escolha de Angela Merkel é acertada,
não só pela posição que ocupa desde 2005 como chanceler da poderosa Alemanha,
mas também pela forma como se tornou a incontestada líder da Europa,
cilindrando Barroso e Juncker, Sarkozy e Hollande, entre muitas outras figuras
que ocasionalmente aparecem no palco europeu, como Jeroen Dijsselbloem ou Christine Lagarde. As suas posições tornam-se sempre as
posições da Europa. É conhecida a sua atitude intransigente em relação à dívida
dos países do sul, mas também o seu apoio aos refugiados sírios. É sabido,
também, como olha para os problemas da Ucrânia e da Síria sem o radicalismo dos seus
parceiros ocidentais, da mesma forma que recusou entrar na cruzada anti-Kadaffi.
Pode concordar-se ou não com a prática política de Angela
Merkel, mas há que reconhecer que tem pensamento próprio, o que é uma coisa que
desapareceu do “mundo ocidental” e até do pequeno mundo que tomou conta da
política no nosso Portugal, onde proliferam papagaios e papagaias que repetem, repetem, repetem ou, se quisermos, mentem, mentem, mentem.