terça-feira, 12 de outubro de 2021

Novos navios para o prestígio da Espanha

O jornal La Voz de Cádiz anuncia hoje com grande destaque que o governo espanhol deu luz verde para a construção do sétimo BAM (Buque de Acción Maritima) por 165 milhões de euros e ilustra a sua primeira página com a fotografia de um navio da mesma classe. Segundo refere o jornal, serão “mais de 1,3 milhões de horas de trabalho na baía de Cádiz”, o que o jornal considera uma importante alavanca económica para a região, até porque serão gerados 1.100 empregos durante três anos e meio.
O BAM é um navio-patrulha oceânico da nova classe Barceló, que foi desenhada pela Navantia em coordenação com a Marinha espanhola, tendo 93,9 metros de comprimento e 2670 toneladas de deslocamento, o que significa que tem as dimensões de uma corveta, embora as suas funções sejam muito distintas – presença naval, protecção e escolta, busca e salvamento, ajuda humanitária, vigilância ambiental, serviço oceanográfico, entre outras. Tem uma guarnição de 46 elementos, acrescentada com dois pilotos de helicóptero e 18 elementos dos fuzileiros ou das forças especiais.
Das seis unidades já em serviço – Meteoro, Rayo, Relámpago, Tornado, Audaz e Furor – cinco foram construídas nos estaleiros de San Fernando - Puerto Real, em Cádis, e uma nos estaleiros de Ferrol, na Galiza. Segundo está anunciado, os navios incorporam tecnologia espanhola, alemã, americana, belga, finlandesa e portuguesa, neste caso o sistema de comunicações integradas ou ICCS-5, fornecido pela EID.
Não é necessário ser-se perito em assuntos navais para ver como aqui tão perto, as autoridades governamentais olham para a Marinha com outros olhos, isto é, enquanto os nossos vizinhos a modernizam e a prestigiam com novas unidades, em Portugal temos assistido a cenas de mediocridade cultural e de ignorância estratégica protagonizadas por um ministro que nada sabe de mar e que parece ter o desígnio de manipular uma corporação que tem sete séculos de história.