O jornal La
Voz de Cádiz anuncia hoje com grande destaque que o governo espanhol
deu luz verde para a construção do sétimo BAM (Buque de Acción Maritima) por 165 milhões de euros e ilustra a sua
primeira página com a fotografia de um navio da mesma classe. Segundo refere o
jornal, serão “mais de 1,3 milhões de horas de trabalho na baía de Cádiz”, o
que o jornal considera uma importante alavanca económica para a região, até porque serão gerados 1.100 empregos durante três anos e meio.
O BAM é um
navio-patrulha oceânico da nova classe Barceló,
que foi desenhada pela Navantia em coordenação com a Marinha espanhola, tendo
93,9 metros de comprimento e 2670 toneladas de deslocamento, o que significa
que tem as dimensões de uma corveta, embora as suas funções sejam muito
distintas – presença naval, protecção e escolta, busca e salvamento, ajuda
humanitária, vigilância ambiental, serviço oceanográfico, entre outras. Tem uma
guarnição de 46 elementos, acrescentada com dois pilotos de helicóptero e 18 elementos
dos fuzileiros ou das forças especiais.
Das seis unidades
já em serviço – Meteoro, Rayo, Relámpago,
Tornado, Audaz e Furor – cinco foram construídas nos estaleiros de San
Fernando - Puerto Real, em Cádis, e uma nos estaleiros de Ferrol, na Galiza.
Segundo está anunciado, os navios incorporam tecnologia espanhola, alemã,
americana, belga, finlandesa e portuguesa, neste caso o sistema de comunicações
integradas ou ICCS-5, fornecido pela EID.
Não é necessário
ser-se perito em assuntos navais para ver como aqui tão perto, as autoridades
governamentais olham para a Marinha com outros olhos, isto é, enquanto os
nossos vizinhos a modernizam e a prestigiam com novas unidades, em Portugal
temos assistido a cenas de mediocridade cultural e de ignorância estratégica
protagonizadas por um ministro que nada sabe de mar e que parece ter o desígnio
de manipular uma corporação que tem sete séculos de história.