No passado
dia 13 de Outubro na cidade
hondurenha de San Pedro Sula, um grupo de centro-americanos desesperados
pela sua condição de pobreza e pela violência nos seus países, decidiu
espontaneamente constituir-se como uma caravana pacífica e iniciar uma marcha
de quase três mil quilómetros em direcção aos Estados Unidos para pedir asilo,
arranjar trabalho e ter melhores oportunidades de vida. Inicialmente seriam
cerca de 160 pessoas, mas poucas horas depois da decisão da partida o grupo já
teria cinco centenas de migrantes. Quando a já chamada caravana migrante ou caravana
dos descamisados passou em Ciudad Tecún Umán, na Guatemala, já excedia as
cinco mil pessoas. A passagem da Guatemala para o México tornou-se mais difícil
e perigosa pois houve que atravessar o rio que serve de fronteira entre os dois
países, tendo havido forte oposição da polícia mexicana. Entretanto as
autoridades mexicanas, sob a pressão da administração americana, têm procurado
deter a marcha dos desesperados, que já serão cerca de sete mil pessoas
indocumentadas e ilegais e que se aproxima agora da cidade mexicana de
Tapachula.
Não é a
primeira vez que estas marchas acontecem na América Central. Porém, esta caravana
tem uma dimensão como nunca tivera antes e acontece quando ocorrem situações
semelhantes nas águas do mar Mediterrâneo e nas cidades espanholas de Ceuta e
Melilla. A imprensa americana, caso do Washington Post, mostra-se
preocupada com o que pode vir a acontecer quando a caravana migrante hondurenha
chegar à fronteira americana, mas esta caravana mostra que estamos perante um
fenómeno novo e de certa forma inesperado, que é uma revolta mundial dos
desesperados e dos pobres contra um mundo de injustiça e de desumanidade.