segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A pobreza e a caravana do desespero

No passado dia 13 de  Outubro na cidade hondurenha de San Pedro Sula, um grupo de centro-americanos desesperados pela sua condição de pobreza e pela violência nos seus países, decidiu espontaneamente constituir-se como uma caravana pacífica e iniciar uma marcha de quase três mil quilómetros em direcção aos Estados Unidos para pedir asilo, arranjar trabalho e ter melhores oportunidades de vida. Inicialmente seriam cerca de 160 pessoas, mas poucas horas depois da decisão da partida o grupo já teria cinco centenas de migrantes. Quando a já chamada caravana migrante ou caravana dos descamisados passou em Ciudad Tecún Umán, na Guatemala, já excedia as cinco mil pessoas. A passagem da Guatemala para o México tornou-se mais difícil e perigosa pois houve que atravessar o rio que serve de fronteira entre os dois países, tendo havido forte oposição da polícia mexicana. Entretanto as autoridades mexicanas, sob a pressão da administração americana, têm procurado deter a marcha dos desesperados, que já serão cerca de sete mil pessoas indocumentadas e ilegais e que se aproxima agora da cidade mexicana de Tapachula.
Não é a primeira vez que estas marchas acontecem na América Central. Porém, esta caravana tem uma dimensão como nunca tivera antes e acontece quando ocorrem situações semelhantes nas águas do mar Mediterrâneo e nas cidades espanholas de Ceuta e Melilla. A imprensa americana, caso do Washington Post, mostra-se preocupada com o que pode vir a acontecer quando a caravana migrante hondurenha chegar à fronteira americana, mas esta caravana mostra que estamos perante um fenómeno novo e de certa forma inesperado, que é uma revolta mundial dos desesperados e dos pobres contra um mundo de injustiça e de desumanidade.