domingo, 2 de outubro de 2016

Argentinos festejam no Mundial de futsal

A cidade colombiana de Cali assistiu ontem à final da Copa Mundial de Fútsal de la FIFA – Colômbia 2016, em que a equipa da Argentina derrotou a equipa da Rússia por 5-4, tornando-se campeã mundial pela primeira vez nesta modalidade que, até então, apenas tinha tido o Brasil e a Espanha como campeões. Antes, jogaram as equipas de Portugal e do Irão para discutir o 3º lugar, mas depois de um empate por 2-2 no tempo regulamentar, a sorte dos pontapés de grande penalidade sorriu ao Irão e a equipa portuguesa regressou de Cali com um 4º lugar.
A vitória argentina teve honras de primeira página na maior parte dos jornais argentinos, como sucedeu com o diário Clarín que salientou em título “la alegria más grande en el futsal”, mas os jornais portugueses não deram qualquer destaque à participação portuguesa neste campeonato mundial. Apesar da equipa portuguesa não tenha atingido o resultado de 2000 quando se classificou em 3º lugar no campeonato do mundo disputado na Guatemala, a participação portuguesa em 2016 foi muito positiva, como se pôde observar através das transmissões directas da RTP. Depois de defrontar a Colômbia (1-1), o Panamá (9-0), o Uzbequistão (5-1), a Costa Rica (4-0) e o Azerbaijão (3-2), a equipa defrontou a Argentina nas meias-finais e foi derrotada por 5-2. Com esta derrota no jogo de acesso à final, a selecção portuguesa foi disputar o 3º lugar com o Irão e perdeu esse jogo.
A espetacularidade do futsal é entusiasmante e o 4º lugar obtido em Cali pela selecção portuguesa merece aplauso, tal como o virtuoso Ricardo Braga ou Ricardinho, um filho de Gondomar que além de já ser considerado o melhor jogador do mundo, foi o maior marcador de golos (12) nesta Copa Mundial de Fútsal de la FIFA – Colômbia 2016. Porém, a grande festa foi argentina como se vê na fotografia publicada pelo diário Clarín e na restante imprensa argentina.

Um caso tão triste “born in Boliqueime”

Os livros que tratam da Ciência da Comunicação ensinam que uma notícia é um relato de um acontecimento verdadeiro ou não. Assim, a notícia da primeira página do Público de ontem, segundo a qual “Cavaco pagou durante 15 anos metade do IMI que devia ter pago”, pode referir-se a uma facto verdadeiro ou não verdadeiro, mas é com certeza mais uma achega para confirmar a desastrada apetência de Aníbal Cavaco Silva por dinheiro e a sua ânsia por atingir uma situação material que apague o seu passado rural e altere o seu estatuto identitário de born in Boliqueime. A história é longa, controversa e não cabe toda aqui.
Por escritura realizada em 9 de Julho de 1998, Cavaco trocou a sua vivenda Mariani de Montechoro pela Gaivota Azul no empreendimento da Aldeia da Coelha, sendo atribuido o valor de 135 mil euros a cada uma das casas, embora fossem muito diferentes. Ele fez que não viu. Segundo refere a notícia, o contribuinte Cavaco terá fornecido às Finanças dados errados da sua nova casa, da sua área e das suas características, o que terá feito cair para cerca de metade os impostos que devia pagar. Ele fez que não viu. Entretanto, em 2009 a autoridade tributária considerava que, pelo menos desde 1999, a casa de Cavaco tinha um valor patrimonial de 199.469 euros, mas em 2015 os mesmos serviços reavaliaram a mesma casa e chegaram a um valor muito diferente: 392.220 euros. O jornal não conseguiu apurar se as Finanças lhe exigiram ou não que pagasse o diferencial entre os impostos que pagou desde 2000 e aqueles que realmente devia ter pago.
Porém, a trapalhada contributiva de Cavaco tem outros contornos nada exemplares para quem ocupou os mais altos cargos do Estado. Assim, tendo sido accionista da S.L.N., que era a detentora do BPN, em 2001 adquiriu 105.378 acções dessa sociedade gerida pelos seus amigos Oliveira e Costa e Dias Loureiro. Dois anos depois, essas acções que tinham sido compradas a um euro cada uma foram recompradas pela S.L.N. a 2,4 euros, o que significou um lucro de 147,5 mil euros, enquanto a sua filha lucrou ainda mais ao embolsar um lucro de 209,4 mil euros. Uma mais-valia de cerca de 150% em dois anos! Como é que um economista tão experiente não viu anormalidade neste caso?
Depois Cavaco foi para Belém e, pasme-se, abdicou do seu vencimento como Presidente da República para beneficiar da pensão de reforma que era mais elevada, isto é, Cavaco alheou-se demasiadas vezes dos princípios de cidadania em que devia ter sido exemplar, fazendo negócios cinzentos com acções e não cumprindo obrigações fiscais.
Cavaco continua a ser um caso triste da nossa história recente.