No passado dia 7
de Outubro os radicais islâmicos do Hamas decidiram atacar Israel a partir da
Faixa de Gaza e fizeram-no de uma forma cruel, bárbara e selvagem, provocando
muitas mortes e a captura de mais de duzentos reféns. O mundo ficou horrorizado
com as atrocidades cometidas e muitas vozes anunciaram o óbvio, isto é, que
Israel tinha o direito de se defender.
Desde então já se
passaram 25 dias, em que as Israel Defence Forces (IDF) sob o comando de
Benjamin Netanyahu, o líder do radical partido Likud, têm punido severamente a
Faixa de Gaza sem distinguir o Hamas do povo palestiniano, o que configura uma
situação de grave violação das leis da guerra, que é simétrica e tão condenável
como o radicalismo do Hamas. Netanyahu tem rejeitado todos os apelos
internacionais e das Nações Unidas para um cessar-fogo e tem respondido que
“this is time for war”. Ele quer vingança, quer alargar o território de Israel
e quer expulsar os palestinianos da sua terra, continuando a ignorar a
Resolução 181 de 29 de Novembro de 1947 da Assembleia Geral das Nações Unidas,
que determinava a criação de um estado judeu e de um estado árabe no território
da Palestina, até então sob mandato britânico. A acção de
Netanyahu e das IDF começa a enquadrar-se na prática de genocídio.
Na sua
edição de hoje o jornal The Washington Post noticia com
destaque de primeira página que “strikes devastate Gaza refugee camp”. Trata-se
do campo de refugiados de Jabaliya, criado em 1948 no norte de Gaza para abrigar
parte dos 700.000 palestinianos que os israelitas tinham expulsado das suas
terras da Palestina, antes e durante a guerra israelo-árabe de 1948.
Actualmente este campo de refugiados terá cerca de 100.000 pessoas e no dia 9
de Outubro já tinha sido alvo de um ataque aéreo que matou 50 pessoas. Ontem o
campo de Jabaliya voltou a ser atacado pela aviação israelita, que assumiu a
responsabilidade por esse ataque, alegando que visava a eliminação de um alto
comandante do Hamas. Segundo a imprensa internacional o ataque matou e feriu
centenas de pessoas, mas o resultado ainda está por
apurar. António Guterres ficou chocado com o bombardeamento de um campo de refugiados e com esta catástrofe humanitária. Nós também.
Mesmo na guerra,
não pode valer tudo.