Celebrou-se ontem
o 40º aniversário do 25 de Abril e a grandiosidade das manifestações populares mostrou
que essa data continua viva na memória do povo português, como símbolo da
liberdade, da democracia, do fim da guerra colonial, da descolonização, das
autonomias insulares e de um Estado Social moderno, entre muitas outras
conquistas políticas e sociais. A data também foi assinalada por muitas
associações de emigrantes em diversos países e alguns jornais franceses,
luxemburgueses, brasileiros, angolanos, macaenses e cabo-verdianos, destacaram essa efeméride
libertadora nas suas primeiras páginas.
Por cá, uma vez mais, a Associação 25
de Abril organizou ou associou-se a inúmeras iniciativas populares,
destacando-se a simbólica cerimónia realizada em Lisboa, no Largo do Carmo, em
homenagem a Fernando Salgueiro Maia, o jovem capitão que há 40 anos, naquele mesmo
local, comandara as tropas que impuseram a rendição ao governo de Marcelo
Caetano. O presidente da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço, proferiu
um importante e emotivo discurso, vibrantemente aplaudido por muitos milhares
de pessoas, no qual sublinhou ser necessário “mudar urgentemente de caminho, ou
este governo tem de ser apeado” de preferência pelo Presidente da República,
para além de ter criticado a submissão com que os nossos governantes se
apresentam perante os credores internacionais. "Chegou o momento de dizer
Basta!", disse Vasco Lourenço, para logo a multidão repetir em coro e por
largos minutos: "Basta, basta, basta!"
A multidão, com muitas pessoas
de cravo ao peito, dirigiu-se depois para a rua António Maria Cardoso para homenagear
os quatro cidadãos que, em frente da sua sede, a PIDE assassinou na tarde de 25 de Abril de 1974.
"Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente", como nos cantou Chico Buarque.
"Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente", como nos cantou Chico Buarque.
Dois dos mais importantes artistas portugueses da actualidade
– Júlio Pomar e Henrique Cayate –
conceberam para a Associação 25 de Abril, um cartaz comemorativo dos 40 anos do
25 de Abril, que simboliza a angústia e a incerteza que hoje assalta muitos
milhões de portugueses, cada dia mais reféns de um governo cuja prática
governativa não corresponde ao programa com que se apresentou ao eleitorado. E
não deixa de ser insólito, o facto de termos visto o primeiro-ministro aparecer nas televisões de cravo
ao peito… o que, evidentemente, é mais uma das suas habituais mentiras.