O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros foi de viagem à Índia para abrir portas e levou consigo uma alargada comitiva, onde se incluem 36 empresários mas também a televisão, para nos mostrar o sorridente ministro a inaugurar um ginásio e a informar-nos que a nossa economia precisa de músculo. A comitiva não viajou em classe económica, nem se instalou em hotéis de três estrelas, nem circulou localmente num riquexó barato. Evidentemente que não podia ser assim. São as exigências da dignidade do Estado. Por isso, estas coisas saem caras e se o ministro fizesse uma análise custo-benefício destas iniciativas a que chama “diplomacia económica”, mas que pouco mais são do que propaganda pessoal, ficaria muito surpreendido. Mas ele não resiste à sua paixão por viagens, nem à sua atracção por feiras e mercados. Depois das visitas à Ribeira e ao Bolhão, agora visita os mercados da Índia.
Porém, ele deveria conhecer um estudo realizado na Faculdade de Economia do Porto que o “Jornal de Notícias” divulgou em 24 de Agosto de 2009. O autor desse estudo analisou 12 visitas oficiais efectuadas entre 2005 e 2008, tendo concluído que os empresários portugueses que viajam em comitivas oficiais não as aproveitam para desenvolver negócios com empresários locais, preferindo desenvolver negócios com os outros empresários da comitiva. O estudo defendia que tanto os empresários como o Estado deviam repensar o modelo de funcionamento das visitas oficiais e salientava que não existia qualquer tipo de avaliação quanto à utilidade dessas visitas, que são financiadas por fundos públicos. Além disso, é evidente que os empresários não precisam que lhes abram as portas e, para inaugurar ginásios e promover encontros, já lá temos os nossos diplomatas.