A receita é bem
conhecida: cria-se uma situação anómala que é divulgada pelas agências
noticiosas internacionais amigas, fornecem-se imagens para os jornais e
televisões e fica criado um estado emocional na opinião pública necessário para
justificar uma intervenção militar, sem que se investigue se a mensagem
divulgada é falsa ou verdadeira. O caso mais evidente passou-se em 2003 com as
“armas de destruição maciça”, uma mentira que serviu para o ataque americano ao
Iraque e para iniciar a destabilização que desde então tem atravessado o Médio
Oriente e o Norte de África.
Porém, esse
modelo que acusa e que incita à punição sem que sejam feitas as necessárias
investigações independentes para apuramento
da verdade, continua a ser usado pelos falcões de ambos os lados do
Atlântico. Já em 1994 e 1995 tinha acontecido algo de semelhante com o massacre
do mercado ao ar livre de Sarajevo, em que não houve o apuramento da verdade para se saber se foi da responsabilidade de
sérvios ou de bósnios, mas que serviu para justificar a intervenção da NATO.
Vem isto a
propósito das tentativas de assassinato do espião russo que aconteceu em
Londres e que, sem o necessário apuramento
da verdade, serviu para Theresa May e os seus aliados expulsarem diplomatas
russos. Agora, são as imagens que mostram as vítimas do ataque químico
acontecido na cidade síria de Douma que, sem que tivesse havido uma
investigação independente e séria para apuramento
da verdade, tem sido atribuído ao regime de Bashar al-Assad e tem servido
para a ameaça dos falcões do costume para gastarem mais uns mísseis e, dessa
forma, alimentarem as suas indústrias de armamento. O Donald prometeu retaliar e
avisou a Rússia: missiles are coming. Naturalmente, o mundo está muito apreensivo.